Quem está internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI) muitas vezes precisa receber na veia uma mistura de nutrientes rica em óleos, a chamada nutrição parenteral. A nutricionista Maria Fernanda Cury-Boaventura, da Universidade de São Paulo, e o bioquímico Rui Curi avaliaram o efeito de dois tipos de dieta parenteral sobre o sistema de defesa. Eles deram a 20 voluntários saudáveis, ao longo de seis horas, 500 mililitros de emulsão com 80% de óleo de oliva e 20% de óleo de soja. Em outro teste os voluntários receberam uma infusão contendo apenas óleo de soja. A comparação mostrou que a mistura de óleo de oliva e de soja é menos tóxica para as células do sistema de defesa do que a dieta à base de óleo de soja. A primeira não afetou os neutrófilos, as primeiras células a chegar a um foco inflamatório, mas reduziu em 20% a capacidade de proliferação dos linfócitos, células que reconhecem moléculas e microorganismos invasores em resposta a um forte estímulo (Journal of Parenteral and Enteral Nutrition). Já o óleo de soja reduziu em 60% a capacidade proliferativa dos linfócitos. Mais grave: tanto linfócitos quanto neutrófilos apresentaram sinais de morte celular. “Estamos investigando como os lipídios levam essas células à morte”, diz Maria Fernanda. Segundo Curi, esses resultados devem provocar uma reavaliação da dose e do tipo de lipídio a ser administrado aos pacientes em estados críticos. “Essas pessoas necessitam de aporte energético. Precisamos suplementá-las e melhorar seu sistema de defesa, e não piorar”, diz.
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