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Boas práticas

Dissertação cancelada

Ministra da Saúde da Noruega renuncia ao cargo por plágio acadêmico em trabalho de mestrado

A ministra da Saúde e de Serviços de Cuidado da Noruega, Ingvild Kjerkol, renunciou ao cargo em 12 de abril, um dia após sua dissertação de mestrado sobre governança da saúde, defendida em 2021, ter sido revogada por prática de plágio pela Universidade do Norte. De acordo com Conselho de Assuntos Estudantis da universidade, Kjerkol cometeu má conduta de forma intencional ao copiar trechos de outros textos acadêmicos sem mencionar as fontes. Há passagens copiadas, mas não creditadas, de dissertações de mestrado defendidas em 2014, 2015 e 2019 e de livro de 2021.

As denúncias surgiram em janeiro, mas Kjerkol resistiu em deixar o cargo enquanto a universidade não se pronunciasse. Ela admitiu que a dissertação falhou por não ter mencionado claramente as origens dos trechos apontados pelo software antiplágio Copyleaks, mas tentou argumentar que as passagens diziam respeito à descrição de métodos que se repetem nos outros trabalhos. De fato, alguns dos trechos copiados descrevem métodos, mas não todos. Já em outros há sinais de erro ou fraude. Ela relata a avaliação de especialistas sobre tecnologias de bem-estar com as mesmas palavras usadas em uma dissertação de 2015, mas atribui aos entrevistados origens diferentes das descritas no trabalho anterior.

Kjerkol, de 48 anos, representante do Partido Trabalhista, é a segunda ministra do gabinete norueguês a perder o emprego neste ano por plágio acadêmico. Em janeiro, Sandra Borch, ministra da Pesquisa e do Ensino Superior, renunciou ao posto após ser acusada de plagiar ao menos 20% do conteúdo de sua dissertação de mestrado em direito, defendida há 10 anos na Universidade Ártica da Noruega (ver Pesquisa FAPESP nº 337).

A dissertação de Kjerkol foi defendida em 30 de agosto de 2021, em meio à campanha eleitoral que, duas semanas mais tarde, levaria ao poder o atual premiê trabalhista Jonas Gahr Støre, em uma coalizão com o Partido do Centro. Støre disse ao jornal Aftenposten que a decisão da Universidade do Norte de revogar a dissertação da ministra tornou sua posição insustentável. “Lamento, sinceramente”, disse o ministro, ao explicar porque pediu que a colega renunciasse.

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