Imprimir PDF Republicar

Estratégias

E o Nobel foi para…

Cinco pesquisadores americanos, dois britânicos e dois russos, além de uma advogada iraniana e um escritor sul-africano, foram agraciados com o Nobel de 2003. No campo científico, a premiação consagrou ramos da pesquisa básica, como os canais das células, e descobertas de grande aplicação prática, como a ressonância magnética.

A máquina que vislumbra doenças
O diagnóstico de doenças tornou-se mais preciso, há 30 anos, com o advento do exame de ressonância magnética. O Nobel de Medicina de 2003 foi conferido ao químico Paul Lauterbur, de 74 anos, da Universidade de Illinois, e ao físico Peter Mansfield, de 69, da Universidade de Nottingham, que ajudaram a criar o teste, indolor e não invasivo. A ressonância capta sinais emitidos por átomos de hidrogênio do corpo e os converte em imagens de órgãos e tecidos. Sessenta milhões de exames são feitos a cada ano.

A consagração dos superfenômenos
O russo-americano Alexei Abrikosov, 75, o russo Vitaly Ginzburg, 87, e o anglo-americano Anthony Leggett, 65, ganharam o Nobel de Física por suas contribuições no desenvolvimento de duas áreas da física quântica – a supercondutividade e a superfluidez. Trabalhando em separado, Ginzburg e Abrikosov estabeleceram bases teóricas para a busca de novos materiais supercondutores – aqueles que, em determinadas temperaturas, permitem a passagem de corrente elétrica sem resistência. Já Leggett descobriu que um tipo de hélio fica superfluido quando a temperatura se aproxima do zero absoluto. Seus átomos se comportam como os elétrons da corrente de um supercondutor.

A membrana e seus canais
Agraciados com o Nobel de Química, os médicos americanos Peter Agre, de 54 anos, e Roderick MacKinnon, de 47, ajudaram a entender como as células regulam o fluxo de substâncias através de sua membrana. Agre, da Universidade Johns Hopkins, identificou a aquaporina, proteína que controla o fluxo de água. MacKinnon, do Howard Hughes Medical Institute, revelou a estrutura dos canais de íons, por onde passam os átomos carregados de cálcio, potássio, sódio e cloro. Esses canais estão envolvidos, por exemplo, no controle de batimentos cardíacos.

Previsões mais seguras
O americano Robert Engle, de 60 anos, e o britânico Clive Granger, de 69, foram laureados com o Prêmio de Economia de 2003. Eles criaram métodos que ajudam a interpretar o significado de séries de dados estatísticos, como a evolução dos preços de ações e de índices de consumo. Seus modelos se estabeleceram como uma ferramenta para pesquisadores, economistas e investidores. Engle é professor da Universidade de Nova York e Granger, da Universidade da Califórnia, em San Diego.

Sem medo dos aiatolás
Quase desconhecida no Ocidente, a iraniana Shirin Ebadi, de 56 anos, foi laureada com o Nobel da Paz, num ano em que o Papa João Paulo II era apontado como favorito. Como advogada e professora da Universidade de Teerã, Shirin defendeu escritores e dissidentes presos pelo serviço secreto do país – e foi ela própria presa há três anos e condenada a 18 meses, cumpridos em liberdade condicional. Primeira mulher designada juíza no país, Shirin foi afastada da carreira na revolução islâmica.

A inutilidade do certo e do errado
O romancista J. M. Coetzee, de 63 anos, é o segundo sul-africano a receber o Nobel de Literatura. Em 1991, o prêmio foi concedido a sua conterrânea Nadine Gordimer. Seus livros são marcados pelo apartheid, mas não se prendem à segregação. A Academia sueca, ao justificar o prêmio, comentou que “o interesse de Coetzee dirige-se a situações nas quais a distinção entre o certo e o errado, ainda que clara, não servem para nada”. Entre suas obras, destacam-se No Coração do País (1977), Vida e Época de Michael K (1983) e Desonra (1999).

Republicar