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Tecnociência

Efeitos inesperados do óxido nítrico

O óxido nítrico tem sido muito estudado em razão das tarefas que cumpre no organismo humano: além de ser vasodilatador, participa de mecanismos de defesa e regula a liberação de alguns hormônios. Nem sempre, no entanto, é o salvador da pátria: em algumas situações acaba fazendo papel de vilão. Uma dessas situações foi descrita por pesquisadores da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto. Eles demonstraram que, em casos de sepse – infecção generalizada causada por bactérias e que costuma atingir pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) -, o óxido nítrico bloqueia a ação de um hormônio vasoconstritor, a vasopressina. Nas infecções, as células imunológicas liberam grande quantidade de óxido nítrico, que é extremamente tóxico para as bactérias, mas inibe a vasopressina.

Sem esse hormônio vasoconstritor, não se consegue reverter o quadro de queda de pressão, típico dessas situações, o que pode levar à morte. O grupo trabalhou com ratos de laboratório, que foram induzidos à sepse. Por meio da ação da substância aminoguanidina, foi possível bloquear e reter o óxido nítrico no sistema nervoso central – e então a vasopressina ficou livre para atuar. Detectada em quantidades elevadas, ela permitiu reverter a situação de pressão baixa. “Abrimos as portas para a compreensão da dinâmica.

É preciso agora procurar uma forma de conter a ação inibidora do óxido nítrico, sem interferir em suas outras funções”, afirma Evelin Cárnio, orientadora do estudo. O trabalho do grupo saiu na edição de junho da revista norte-americana Critical Care Medicine, que publicou os achados da equipe de Ribeirão Preto, aos quais dedicou também um dos editoriais.

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