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Tecnociência

Ervas medicinais são contestadas

Estudos norte-americanos recentes põem em dúvida a eficácia de nada menos que seis das 12 plantas mais utilizadas nos tratamentos fitoterápicos (The Wall Street Journal, 29 de agosto). Só neste ano, a erva-de-são joão (Hypericum perforatum), usada contra a depressão, a equinácea (Equinacea purpurea e angustifolia), que curaria o resfriado comum, e a ginkgo biloba, recomendada para melhorar a função da memória, foram alvo de pesquisas que as consideraram inócuas para esses fins.

O uso da kava-kava (Piper methysticum), popularmente empregada para combater o stress, foi recentemente proibido no Canadá e na Alemanha, depois de encontrados indícios de que prejudicaria o fígado. O alho, conhecido bactericida, foi considerado perigoso, em 2001, pelos efeitos colaterais que provocaria no tratamento de pacientes com Aids. Agora, a Associação Norte-Americana de Medicina e grupos de consumidores dos Estados Unidos querem proibir a comercialização da éfedra, utilizada como remédio para emagrecer, sob a acusação de que causaria derrames e ataques cardíacos.

Os resultados dos estudos norte-americanos diferem frontalmente da pesquisa européia, principalmente alemã, que há décadas encontra efeitos positivos nos suplementos herbáceos. “Não deve ser o tipo de ciência que se apresentaria às autoridades nos Estados Unidos”, ironiza Ronald Turner, da Universidade de Virgínia e autor de um estudo sobre a equinácea. Ao que tudo indica, porém, a confusão está apenas começando. A indústria norte-americana de ervas medicinais não é mais um negócio de fundo de quintal, mas um poderoso mercado, que movimenta US$ 4,2 bilhões por ano. E promete contra-atacar.

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