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Brasil

Esquistossomose em Belo Horizonte

Em abril de 2002, 24 moradores de um bairro de classe média da capital mineira experimentaram as conseqüências da crença de que tudo o que é natural é inofensivo. Dias após passar um final de semana em uma pousada do município de Ibirité, na região metropolitana de Belo Horizonte, pelo menos 17 deles apresentaram sintomas semelhantes ao de uma gripe – febre, dor de cabeça, náuseas e tosse seca. Todos tinham tomado banho na piscina da pousada, abastecida com as águas de um córrego próximo. Os turistas passaram por pelo menos dois médicos antes de saberem que estavam com esquistossomose, causada pelo verme Schistosoma mansoni.

A origem do surto só se tornou clara depois de uma equipe do Centro de Pesquisas René Rachou da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Minas Gerais, coordenada por Virgínia Schall, visitar a pousada. A cerca de 300 metros da piscina, havia um riacho com caramujos da espécie Biomphalaria glabrata, alguns deles contaminados com o S. mansoni, que libera na água larvas capazes de infectar o ser humano. Mais tarde, viu-se que o riacho recebia o esgoto da casa de uma família que não apresentava sinais de esquistossomose, embora estivesse contaminada. Do riacho, a água seguia até o córrego que abastecia a piscina.

“Como as pessoas infectadas eram de classe média, os médicos não pensaram na possibilidade de elas terem uma verminose”, diz Virgínia, que relatou o surto num artigo publicado na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. A orientação dos pesquisadores permitiu ao proprietário da pousada eliminar o risco de contaminação da água da piscina, mas permanece a necessidade de uma vigilância acirrada contra a esquistossomose, encontrada em 519 dos 853 municípios mineiros.

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