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Projeto Temático

Estudos sobre imunidade dos lactentes

Desde tempos remotos já se sabia que a criança é protegida contra infecções pelo leite materno. No entanto, foi só recentemente, na década de 50, que apareceram os primeiros estudos clínico-epidemiológicos realizados com métodos científicos rigorosos, demonstrando a menor freqüência de doenças infecciosas, especialmente diarréia, em crianças amamentadas.

A pesquisadora Magda Carneiro Sampaio relata que, a partir da década de 60, começaram a surgir na literatura médica os primeiros dados sobre os mecanismos responsáveis pela proteção antiinfecciosa conferida pelo aleitamento materno. Foi então que o desenvolvimento de novas técnicas para o estudo da resposta imune tornou possível a detecção de anticorpos e outros fatores antiinfecciosos presentes no leite.

Ela explica que, devido à imaturidade do seu sistema imune, o recém-nascido é mais vulnerável às infecções de um modo geral. A natureza, entretanto, desenvolveu mecanismos de proteção adotiva, representados pela passagem transplacentária de anticorpos, pelos fatores de resistência do líquido amniótico e, na vida extrauterina, pelo colostro e leite. Neste caso, o leite humano representa um verdadeiro suplemento imunológico durante o período de imaturidade do recém-nascido e do lactente.

Daí a grande importância da amamentação. Com o leite do peito, a criança fica protegida contra a diarréia aguda, que continua sendo uma causa importante de mortalidade infantil entre as populações que vivem em baixas condições sócio-econômicas nos países em desenvolvimento. Segundo a pesquisadora, a Escherichia coli enteropatogênica tem sido o agente etiológico mais comumente isolado de casos de lactentes (denominação das crianças entre 30 dias e dois anos incompletos) com diarréia aguda.

“Estudos realizados na Escola Paulista de Medicina, pelo grupo do professor Luiz Trabulsi, na década de 80 e primeiros anos da década de 90, demonstram a presença desta bactéria em 27% dos mais de 1.000 casos analisados”, afirma a médica. Já nos países desenvolvidos e entre as populações mais favorecidas dos países em desenvolvimento, “esta triste liderança é assumida pelo rotavírus, para o qual já foram iniciados os testes clínicos de uma vacina”, completa.

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