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Medicina

Evolução e função do pé humano

O pé, tantas vezes relegado a segundo plano, pode funcionar como uma verdadeira carteira de identidade do indivíduo. Só a forma de pisar já indica muitas coisas sobre uma pessoa, tais como: onde e como vive, se é doente ou saudável, se é do campo ou da cidade. Tudo isso vem sendo pesquisado pelo Laboratório de Biomecânica da Escola de Educação Física e Esporte da USP, há mais de dois anos.

Paralelamente à pesquisa sobre “pés diabéticos”, o mesmo grupo de pesquisadores dedicou-se ao estudo da “Distribuição de Pressão do Pé Nativo Descalço”. Os dois trabalhos fazem parte de um estudo mais amplo, que envolve a evolução e a função biomecânica do pé, como órgão fundamental da locomoção humana, a partir do sistema “Pé-calçado-solo”.

“Nosso objetivo, com esta segunda pesquisa, é estabelecer um parâmetro referência de pé normal, com pessoas que não têm o hábito de usar calçados”, explica o professor Alberto Carlos Amadio, que coordenou as duas pesquisas. Para caracterizar o pé “nativo”, a equipe escolheu a comunidade de Marujá, situada na Ilha do Cardoso, município de Cananéia (litoral paulista), a cerca de 300 quilômetros da Capital, mais quatro horas de barco. Marujá fica na região do Vale do Ribeira, no sul do Estado, e integra o chamado Manguezal do litoral paulista. Seus moradores dedicam-se à pesca em sua maioria e costumam caminhar na areia e no mangue sempre descalços.

Foi feita uma amostragem com pelo menos a metade da população da comunidade, que gira em torno de 150 pessoas. Os pesquisadores levaram em consideração características antropológicas (origem e formação do grupo) e antropométricas (dimensões dos pés estudados) para tentar definir o padrão do andar descalço. Eles também foram submetidos à avaliação da distribuição da pressão na planta dos pés através do sistema F-Scan. A equipe está na fase de análise dos resultados desta segunda pesquisa, ainda em andamento. Entretanto, uma conclusão já é possível, segundo o professor Amadio: apesar dos pés analisados terem deformações naturais (pelas agressões do meio), nenhum apresentou deformações antropométricas estruturais.

Explicando melhor: quem anda descalço não tem pé chato (ou pé plano), por exemplo, um problema que aflige os chamados “pés urbanos”, que são constantemente torturados por sapatos muitas vezes desconfortáveis. Cientificamente falando, a comunidade de Marujá não apresentou deformações na formação dos arcos longitudinal e transversal dos pés, conhecidos como arcos plantares.

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