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OCEANOGRAFIA

Expedição percorre o Atlântico Sul para desvendar o clima do planeta

Batizada de Amaryllis, iniciativa franco-brasileira deu origem à série jornalística em vídeo Diário de bordo

Agência Fapesp com intervenção de Julia Cherem Rodrigues/Revista Pesquisa FAPESP

Aprofundar o entendimento do papel da Amazônia e da região Nordeste brasileira no sistema climático global. Esse é o principal objetivo da expedição oceanográfica Amaryllis, organizada pelo Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), da França, e realizada entre os dias 12 de junho e 2 de julho deste ano.

Com 50 cientistas de universidades e instituições de pesquisa brasileiras e francesas a bordo, o navio Marion Dufresne, principal embarcação de pesquisa da França e uma das maiores do mundo, partiu de Paramaribo, capital do Suriname, e terminou a expedição no Recife, Pernambuco.

Nas três semanas de viagem, os pesquisadores coletaram sedimentos marinhos no oceano Atlântico e na foz dos rios Amazonas e Parnaíba, na divisa dos estados do Maranhão e Piauí. A análise desse material permitirá entender um pouco melhor como evoluiu o clima na Terra ao longo do tempo.

O jornalista Elton Alisson, repórter da Agência FAPESP, acompanhou a expedição a convite da CNRS e produziu a série jornalística em vídeo Diário de bordo, composta por sete episódios.

O primeiro, intitulado “A partida”, mostra o embarque dos cientistas e da tripulação no porto de Paramaribo e a infraestrutura de pesquisa do navio. Traz também um depoimento do geólogo Cristiano Mazur Chiessi, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), que coordena a expedição pelo lado do Brasil.

O segundo episódio, “Primeira parada”, acompanha o trabalho de coleta de sedimentos realizado em um ponto do Atlântico localizado a 186 quilômetros da costa, durante um dia chuvoso e com tempo fechado. “Lá foram coletadas as primeiras amostras dos sedimentos marinhos que têm aspecto de lama, cor cinza-chumbo e textura de argila”, informou Alisson em reportagem publicada pela Agência FAPESP.

A intensa rotina de trabalho dos cientistas embarcados no Marion Dufresne, embarcação com 120 metros (m) de comprimento e capacidade para 110 passageiros, é o tema do terceiro episódio, “Trabalho a bordo”. “Para garantir o cumprimento do cronograma”, explicou o repórter, “os pesquisadores foram distribuídos, logo após o embarque, em turnos de quatro horas de trabalho, intercalados com períodos de oito horas de descanso”.

O tema do quarto episódio, “A trindade”, são dois equipamentos utilizados na expedição para a coleta dos sedimentos no fundo do mar: Calypso Square Corner (CaSq) e Calypso. O primeiro retira amostras em profundidades entre 9 e 12 m, que revelam informações sobre o clima do planeta há algumas dezenas de milhares de anos. O outro, considerado a joia da embarcação, extrai do assoalho marinho uma coluna de sedimentos com comprimento entre 45 e 50 m. Essas amostras dão pistas de como era o clima global há milhões de anos.

Ainda em alto-mar, o material coletado do assoalho marinho passa por análises em laboratórios instalados no próprio navio, como mostra o quinto episódio, “Laboratórios flutuantes”. Uma das propriedades analisadas nos sedimentos é a luminescência, ou seja, a luz emitida pelo material quando estimulado por outra fonte luminosa.

“Por meio de um método desenvolvido pelo professor da Universidade Federal de São Paulo [Unifesp] Vinícius Ribau Mendes, no âmbito de um projeto apoiado pela FAPESP, é possível entender, a partir das amostras de sedimentos marinhos, como a chuva variou no continente ao longo do tempo”, disse Alisson.

O penúltimo episódio da série, “Da lama ao clima”, explica como a análise da lama coletada durante a expedição pode ajudar a entender como era o clima da Amazônia e do Nordeste brasileiro no passado. “Na lama são encontrados sedimentos vindos do continente, transportados pelos rios e pelos ventos. Esses sedimentos formaram camadas bem definidas e horizontais, lidas pelos cientistas participantes da missão como as páginas de um diário da Terra“, informou Alisson.

No último episódio, “A chegada”, o jornalista faz um balanço da expedição franco-brasileira. No total, os pesquisadores coletaram 442 m de sedimentos, o equivalente a 14 toneladas. Também são apresentadas as pesquisas que serão realizadas com esse material e contam com apoio da FAPESP.

Os sete episódios da série jornalística Diário de bordo podem ser assistidos no site da Agência FAPESP ou diretamente no YouTube.

Projetos
1.
Perspectivas pretéritas sobre limiares críticos do sistema climático: a floresta amazônica e a célula de revolvimento meridional do Atlântico (PPTEAM) (nº 18/15123-4); Modalidade Jovem Pesquisador; Pesquisador responsável Cristiano Mazur Chiessi (USP); Investimento R$ 5.116.641,50.
2. Efeitos do aquecimento do Atlântico Sul sobre a precipitação sul-americana (nº 22/02957-0); Modalidade Auxílio à Pesquisa ‒ Projeto Inicial; Pesquisador responsável Vinícius Ribau Mendes (Unifesp); Investimento R$ 562.481,69.

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