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Biotérios

Experimentos com drogas e terapias

Biotérios ganham melhores condições de trabalho

Experiências em animais são úteis para que pesquisadores testem futuras técnicas terapêuticas e medicações. Por isso, os biotérios dos centros de pesquisa onde são criadas e mantidas as cobaias foram também contemplados com recursos do Programa de Infra-Estrutura. “Antes, todos os procedimentos com animais eram feitos dentro dos laboratórios e o cheiro era insuportável. Operávamos ratos no meio do corredor, em uma mesinha improvisada em lugar por onde circulam dezenas de pessoas”, lembra a pesquisadora Helena Bonciani Nader, coordenadora do Instituto Nacional de Farmacologia (Infar), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que recebeu cerca de R$ 860 mil.

No Laboratório de Experimentação Animal do Infar, criado com recursos do Infra, o biotério está sendo utilizado para o estudo do metabolismo hepático, com a investigação da ação das calicreínas – enzimas envolvidas nos processos de inflamação e coagulação – , depois depuradas no fígado. Outras linhas de pesquisa também se beneficiaram, como o estudo das plantas medicinais, da ação de várias drogas e das proteínas envolvidas no processo de trombose. “Reformamos e espaço para receber o biotério, compramos estantes e gaiolas metabólicas e equipamentos necessários para isolar as diferentes linhagens de animais”, conta Helena. A maior parte das pesquisas necessita de cobaias, especialmente ratos e camundongos.

Traumas e hipertensão
Parte dos cerca de R$ 720 mil destinados pela FAPESP à pesquisa ao Instituto do Coração (Incor), do Hospital das Clínicas da USP, foi aplicada na adequação do biotério para ser utilizado pelos pesquisadores dos grupos de choque, hipertensão, condicionamento físico, biologia vascular e aterosclerose e cirurgia toráxica. “Agora o Incor pode dizer que tem um biotério dentro do padrão de um centro de pesquisa”, comenta Maurício da Rocha e Silva, chefe do Serviço de Fisiologia Aplicada e responsável pelo biotério.

Além das vantagens para a unidade de hipertensão e para outros grupos de estudo, o biotério trouxe benefícios para o projeto temático do professor Maurício da Rocha e Silva, que trabalha com fisiopatologia do choque circulatório. “Estudo as hemorragias graves causadas por traumas, para verificar como elas evoluem e quais os procedimentos iniciais que devem ser tomados”, explica. Os traumas com hemorragia são causados principalmente por acidentes de automóveis e ferimentos criminosos. Todas as experiências são feitas em cães e ratos.

Araraquara
O campus da Unesp em Araraquara renovou pelo menos dois dos seus biotérios para pesquisas médicas, localizados nos departamentos de Ciências Biológicas e de Princípios Ativos Naturais e de Toxicologia, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas. A faculdade recebeu cerca de R$ 2,13 milhões do Infra.

O primeiro biotério ficou a cargo da professora Deise Pasetto Falcão e atende 12 pesquisadores do departamento de Ciências Biológicas, que inclui os segmentos de microbiologia, imunologia, saúde pública e parasitologia. Deise estuda uma bactéria patogênica intestinal, a Yersinia sp, e prepara anti-soros em coelhos para estudo. “Não tínhamos biotérios. Os animais ficavam dentro dos laboratórios ou nos porões da faculdade, em condições precárias e com alto risco de contaminação”, conta Deise.

O professor Georgino Honorato de Oliveira, do Departamento de Princípios Ativos Naturais e Toxicologia, usou a verbas na construção de um biotério que atende aos laboratórios de farmacologia, farmacognosia, toxicologia e botânica. Esse biotério conta com uma sala de monitoramento de vídeo para pesquisas comportamentais.

“O novo biotério possibilitou aumento do número de pesquisas e ganho de qualidade. Também abrimos novas linhas, como trabalhos de neurotoxicidade a praguicidas, usando experimentos em galinhas”, diz ele.

Ribeirão Preto
No Departamento de Biologia Celular e Molecular e Bioagentes Patogênicos da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto, o professor Eduardo Miguel Laicine aplicou recursos do Infra na reforma total e modernização de um biotério de manutenção e experimentação. “Todos os projetos do departamento usam o biotério. Depois da reforma, já foram publicados 19 trabalhos, 18 deles no exterior. Impacto que mostra o ganho de qualidade que tivemos.”

A pesquisa que coordena, sobre a biologia dos componentes glicoprotéicos do olho (vítreo e aquoso) e do sistema muscular liso da coróide do olho, é realizada em coelhos. “Essa pesquisa pode vir a ajudar os transplantes de córnea e a trazer novas informações sobre as alterações do olho provocadas por doenças, como diabetes”, explica. Outro estudo desenvolvido no biotério aborda as modificações do comportamento de medo e defesa dos ratos frente a lesões no sistema nervoso central (SNC).

Para Reginaldo Ceneviva, professor do Departamento de Cirurgia e Anatomia, o novo biotério trouxe apoio inestimável para as pesquisas de 40 docentes, úteis para os médicos do HC. “Docentes dos departamentos de clínica médica, ortopedia, ginecologia, otorrino e oftalmologia também utilizam os animais do biotério.”

Ali, as cobaias são usadas para pesquisas ligadas a doenças cardiovasculares, como aterosclerose, transplantes de órgãos, função hepática e vários tipos de tumores.

A Faculdade de Ciências Farmacêuticas e o Instituto de Química da USP, na capital, também passaram a contar com um grande e moderno biotério de criação, manutenção e experimentação. Um dos destaques são os estudos para a produção de medicamentos na Fundação para o Remédio Popular (Furp), que distribui remédios para a rede pública de saúde, realizados por pesquisadores das Ciências Farmacêuticas.

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