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Pequenas Empresas

FAPESP vai financiar pesquisa tecnológica nas empresas

Não existe desenvolvimento econômico sem que haja, paralelamente, desenvolvimento científico e tecnológico; e nenhuma economia se sustenta sem as pequenas e médias empresas, o setor empresarial mais aberto às inovações As afirmações marcaram os discursos de lançamento oficial do Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (PIPE), pela FAPESP, no dia 18 de junho último. Esse mais novo programa especial da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo vai financiar, a fundo perdido, a pesquisa nas pequenas empresas de base tecnológica, para desenvolvimento de produtos ou melhoria dos processos de produção.

O evento, realizado na sede da FAPESP, reuniu cerca de 200 pessoas e contou com a presença do governador do Estado de São Paulo, Mário Covas, do ministro da Ciência e Tecnologia, José Israel Vargas, e do secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, Emerson Kapaz. Estiveram presentes, também, o secretário estadual de Energia, David Zylbersztajn, o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP, Lourival Carmo Mônaco, os reitores da Universidade de São Paulo, Flávio Fava de Moraes, da Universidade Estadual Paulista, Antônio Manoel dos Santos Silva, e do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, Euclides Carvalho Fernandes, o superintendente do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo – SEBRAE/SP, Carlos Manhanelli, pró-reitores, pesquisadores e uma centena de empresários paulistas.

O governador Mário Covas, além de elogiar a iniciativa da FAPESP na criação do programa, destacou a grande importância da pequena empresa para o desenvolvimento do país. “O país deve muito às empresas de pequeno porte, principalmente em relação à oferta de empregos”. Segundo ele, a Fundação está sendo um instrumento muito importante e ativo no auxílio a essas empresas. “A FAPESP tem que se manter assim, agressiva, ou seja, não aguardar a demanda da pesquisa, mas sim estimular, antecipar e incentivar a sua realização, fornecendo os recursos”, afirmou o governador.

Recursos às Empresas
No discurso de abertura do evento, o presidente do Conselho Superior da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, descreveu o Programa de Inovação Tecnológica em Pequena Empresa como uma “novidade auspiciosa na história da Fundação”, já que é o primeiro que se distancia um pouco do meio acadêmico e aplica recursos diretamente na empresa de pequeno porte (aquelas que possuem até 100 empregados), vinculadas a um pesquisador. O que não significa, segundo ele, a redução do apoio da FAPESP à pesquisa acadêmica, mas o reconhecimento que o investimento em ciência precisa levar ao desenvolvimento econômico e social.

“A ciência brasileira precisa virar PIB e quem faz PIB é a indústria. Para esta, mais do que nunca, os desafios dacompetitividade num mundo globalizado exigem incorporação de ciência e tecnologia ao processo produtivo”. Segundo o professor Brito, o que se busca com o programa é que as empresas desenvolvam tecnologia, aumentem a competitividade, lucrem mais e empreguem cientistas e engenheiros, sempre gerando conhecimento.

O secretário Emerson Kapaz classificou o novo programa da FAPESP como um marco na vida do Estado de São Paulo, que tem dado grande importância à ampliação do processo de financiamento e de articulação no desenvolvimento da ciência e da tecnologia. “A globalização econômica tem como pré-condição o desenvolvimento científico e tecnológico. As grandes empresas têm recursos e instrumentos para isso; o grande problema está nas pequenas e médias empresas, especialmente as pequenas”, disse ele. E acrescentou que o PIPE inova ao financiar a pesquisa dentro da empresa, mas tem o enorme mérito de propiciar às pequenas o acesso a recursos para pesquisa. “A dificuldade dessas empresas é grande e nenhuma economia se sustenta sem pequena e média empresa”.

Para o ministro José Israel Vargas, as pequenas e médias empresas compõem o ramo do setor empresarial mais aberto à promoção e à utilização de inovações. Infelizmente, por falta de recursos para investir em desenvolvimento tecnológico, o índice de mortalidade delas * especialmente das micro e pequenas * é muito elevado: cerca de 80% fecham antes mesmo de completar um ano. “A sobrevivência da empresa, e logo da economia nacional, depende da sua competitividade, fundamentada no desenvolvimento de sua capacidade gerencial mas, sobretudo, da sua capacidade de inovar e, portanto, dessa participação crescente da ciência e da tecnologia no processo de desenvolvimento”.

O programa
Durante o evento, o diretor científico da FAPESP, José Fernando Perez, fez uma exposição sobre os principais pontos do Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas, para o qual a Fundação deverá liberar recursos anuais de R$ 5 milhões. Os projetos inscritos e aprovados serão desenvolvidos em três fases.

A primeira, que tem a duração de seis meses, destina-se à realização de pesquisas sobre a viabilidade técnica das idéias propostas. Os resultados serão o principal critério de avaliação para a segunda fase. O limite de financiamento para essa etapa é de R$ 50 mil para cada concessão (serão feitas 20 a cada etapa de seleção). Para a segunda fase, que dura dois anos, são destinados até R$ 200 mil por projeto. Nessa etapa se dá o desenvolvimento efetivo da pesquisa.

A terceira etapa, que é a do desenvolvimento dos novos produtos, não recebe o financiamento da FAPESP que pretende, contudo, colaborar na obtenção de apoio financeiro aos projetos nessa fase. Para tanto, durante a solenidade de lançamento do programa, o presidente do Conselho Superior da Fundação, Carlos Henrique de Brito Cruz, assinou convênios com a Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP e com o SEBRAE/SP, através respectivamente de seu presidente e de seu superintendente, Lourival Mônaco e Carlos Manhanelli. A FINEP e o SEBRAE dispõem de programas específicos que permitem dar suporte aos projetos nessa fase.

Em sua exposição, José Fernando Perez disse que o novo programa especial da FAPESP inspirou-se no SBIR (Small Business Inovation Research), dos Estados e Unidos, um programa criado por lei do Congresso norte-americano e mantido por agências governamentais de fomento à pesquisa, com orçamento superior a US$100 milhões anuais. As agências concedem entre 2,5% e 5% de seu orçamento para esse programa de apoio à inovação tecnológica em pequenas empresas.

“A população de São Paulo oferece à FAPESP 1% do ICMS que arrecada, e o faz com prazer, porque sabe que esse dinheiro está sendo muito bem direcionado.”
Mário Covas

“A sobrevivência da empresa e da economia nacional depende da melhoria de sua competitividade, fundamentada sobretudo na sua capacidade de inovar e, portanto, desse participação crescente da C&T no processo de desenvolvimento.”
José Israel Vargas

“Ao financiar ações dentro da própria empresa, a FAPESP estimula a idéia de que, da forma mais diversificada possível, a inovação tecnológica deve ser buscada e pesquisada.”
Mário Covas

“O que esperamos obter com esse programa é simples: empresas desenvolvendo tecnologia, tornando-se mais competitivas, lucrando mais, empregando cientistas e engenheiros, num círculo virtuoso entre conhecimento e produção.”
Brito Cruz

“O desenvolvimento econômico não vem sem o desenvolvimento científico e tecnológico. E a maior dificuldade para isso não está nas grandes empresas, que têm recursos, mas nas pequenas, que não têm acesso a eles.”
Emerson Kapaz

“Que a FAPESP seja cada vez mais um instrumento ativo, que não aguarde a demanda por pesquisa, mas que se antecipe, buscando as áreas promissoras, tentando ir ao encontro e até mesmo estimulando a que ela se realize”
Mário Covas

“Saúdo a FAPESP pela iniciativa de aumentar a articulação com as empresas, particularmente as pequenas e médias, que são a sede mais dinâmica do desenvolvimento científico e tecnológico a nível empresarial e o setor mais aberto à inovação.”
José Israel Vargas

“A FAPESP pretende cada vez mais apoiar a pesquisa acadêmica, mas reconhece que o investimento em ciência precisa levar ao desenvolvimento econômico e social. A ciência brasileira precisa virar PIB.”
Brito Cruz

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