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Fundação

Fôlego na porta de entrada

FAPESP recebe mais projetos apresentados por pesquisadores pela primeira vez na carreira e simplifica fluxos para acelerar a análise das propostas

Sirio Cançado

Em 2023, 4.483 projetos foram submetidos à FAPESP por pesquisadores que nunca haviam apresentado uma proposta à Fundação anteriormente. Esse número é 21,75% maior do que o registrado em 2022 e 26,14% superior ao nível anterior à pandemia – em 2018, a FAPESP recebeu 3.311 desses ‘primeiros projetos’. “A capacidade de atrair novos talentos e de garantir que sua formação e seu trabalho sejam financiados pela Fundação é essencial para preservar a qualidade do sistema paulista de ciência, tecnologia e inovação e ampliar a sua competitividade”, explica o diretor científico da FAPESP, Marcio de Castro Silva Filho.

A ampliação dessa porta de entrada é um indicador positivo após a forte retração no volume de propostas causada pela pandemia. Em 2023, a Fundação recebeu, no total, 23.091 submissões de projetos. Esse volume é o maior desde 2020, mas ainda está 34% abaixo dos 36,7 mil projetos apresentados em 2019, o ano anterior à emergência sanitária. A retração, que foi motivada pela interrupção de atividades de universidades e instituições de pesquisa no período de isolamento social, atingiu a maioria das agências de fomento, no Brasil e no exterior. A recuperação tem sido progressiva, mas em velocidade ainda lenta.

Alexandre Affonso / Revista Pesquisa FAPESP

De acordo com Castro Silva, diversas iniciativas começam a ser aplicadas pela Fundação para simplificar e dar celeridade ao processo de avaliação de propostas, com o objetivo de incentivar mais pesquisadores a apresentarem bons projetos. Uma delas é a redução da quantidade de documentos que precisam ser apresentados pelos proponentes. “Nos fluxos da Fundação que estavam vigentes era comum ter que apresentar um mesmo documento repetidas vezes, à medida que o processo caminhava. Agora, só será necessário apresentar uma vez”. Ele dá outro exemplo: “Hoje, o diretor de uma faculdade precisa chancelar cada um dos projetos de iniciação científica apresentados por seus alunos à FAPESP. Vamos eliminar essa demanda, que é causa de sobrecarga e de atraso, e pedir que o diretor chancele apenas os projetos já avaliados e selecionados”, explica.

Outra iniciativa é a eliminação de etapas consideradas redundantes na avaliação de projetos, que também está contemplada em um redesenho da estrutura de coordenadores e assessores da FAPESP. “Em média, um auxílio à pesquisa leva 142 dias para ser avaliado, mas 85 dias são para análise interna na Fundação. Há espaço para reduzir esse prazo”. Uma nova dinâmica das análises será implementada. No caso da análise de bolsas, será baseada em pareceres externos que indiquem o grau de competitividade e de excelência da proposta e no ranqueamento das melhores propostas por assessores da FAPESP em sessões colegiadas. Já no caso da avaliação de auxílios à pesquisa, depois da recomendação por pareceristas externos, os proponentes terão a chance de responder a questionamentos, com a apresentação de dados e documentos complementares, evitando que o projeto seja denegado e precise ser reapresentado apenas porque continha lacunas que poderiam ser sanadas. “O objetivo é ter menor heterogeneidade de critérios e maior fluidez nos processos”, afirma Castro Silva.

Segundo o diretor científico, está prevista a remoção de outros entraves que limitam a realização dos projetos. Ele menciona, por exemplo, critérios que atrasam a aprovação de bolsistas vinculados a projetos de pesquisa. “Não é incomum que um projeto termine sem que todos os seus bolsistas previstos tenham sido escolhidos, por causa de exigências impostas pela Fundação. A ideia é que o pesquisador responsável pelo projeto tenha mais autonomia para selecionar os bolsistas, respeitados naturalmente os critérios de mérito, e depois preste contas sobre os resultados”, afirma.

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