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Genoma Humano 1

Genoma Humano 1

Cientistas prevêem que as novas tecnologias tornarão cada vez maiores suas possibilidades de compreender e modificar os processos da vida

Já é quase um lugar comum: o século 20 foi o século da Física, mas a ciência que vai mudar a face do mundo no século 21 é a Biologia. No catálogo de novidades anunciadas para o próximo milênio, a Biologia – mais precisamente, a Biologia Molecular – oferece as promessas mais apreciadas pelo público, que vão do sempre almejado controle do câncer, até a possibilidade de duplicar o animal de estimação, com o objetivo de poupar o dono da dor de sua morte. A fonte primordial de tantas renovadas esperanças é um conjunto de tecnologias e ferramentas que deu aos cientistas a capacidade de estudar, fora da célula, a muito complexa maquinaria bioquímica que rege as interações entre moléculas – notadamente, as que envolvem os ácidos nucléicos e as proteínas – e de pretender intervir para modificá-la.

Ao tornar-se arauto do terceiro milênio, esta nova Biologia transformou-se a si própria. O Programa Genoma-FAPESP descende da recentíssima tradição engendrada a partir da década de 50, com a descoberta de Crick e Watson, a estrutura molecular do DNA, e que ganhou impulso definitivo com a estratégica decisão dos governos norte-americano e britânico, especialmente, de financiar o seqüenciamento completo do material genético da espécie humana.Os entrevistados dos encartes de junho e julho do Notícias FAPESP são cientistas que vivem essa metamorfose.

Esta condição fez deles personagens da série de documentários que a TV Cultura prepara sobre o projeto pioneiro da genômica no Brasil – o seqüenciamento completo da bactériaXyllela fastidiosa -, e que irá ao ar para 16 estados na segunda semana de agosto. As questões que a equipe da jornalista Mônica Teixeira – autora de todos os textos que se seguem – levou a pesquisadores brasileiros e norte-americanos visavam conhecer suas opiniões sobre o momento privilegiado em que se desenrolam suas carreiras, seu fazer científico.

Que Biologia é esta, que não seria possível sem computadores. O seqüenciamento de um genoma dará mesmo a chave para fechar todos os compartimentos por onde passa a dor humana? Restará alguma atividade de pesquisa em Biologia que prescinda das informações obtidas através do seqüenciamento de genes? Quais os limites da ciência? Neste mês, contam o que pensam o imunologista Leroy Hood, do grupo de cientistas americanos que montaram a logística e puseram de pé o projeto Genoma Humano; Craig Venter, biologista molecular, fundador de empresas de genômica, o homem que quer ser o primeiro a decifrá-lo completamente; Phillip Green e João Carlos Setúbal, cientistas da computação – os novos parceiros dos biólogos -, sobre quem recai a difícil e delicada tarefa de colocar a informática a serviço dos mistérios da vida. Todos eles são, a um só tempo, realizadores e testemunhas de um marco anunciado da história da ciência. No mês que vem, tem mais.

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