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Tecnociência

Gigantes e sociáveis

MANUEL VALÉRIO/GEOPARQUE AROUCA

Trilobitas: comportamento fossilizadoMANUEL VALÉRIO/GEOPARQUE AROUCA

Uma parede de pedra escura pode ser um festim para paleontólogos e geólogos. É o caso das pedreiras estudadas por Artur Sá,  da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Portugal. Encontradas no geoparque Arouca, 50 quilômetros a sudeste da cidade do Porto, as paredes escuras são uma janela para um passado remoto, cerca de 465 milhões de anos atrás. Nelas estão impressas marcas de centenas de trilobitas, artrópodes marinhos extintos há 250 milhões de anos. Em artigo na Geology, os pesquisadores contam ter encontrado ali cerca de 20 espécies desses animais, que embora já conhecidas pela ciência trazem novidades: são os maiores do mundo e foram preservados de maneira a tornar evidente que se reuniam em grandes grupos para se reproduzir e se escondiam em tocas durante os períodos mais vulneráveis depois das mudas, quando perdiam a carapaça rígida. Trilobitas costumavam ter cerca de 10 centímetros (cm) de comprimento, mas a equipe de Sá descreveu um fóssil quase completo com 70 cm e outro incompleto que, inteiro, talvez chegasse a 90 cm – um recorde. O grupo de pesquisadores portugueses e espanhóis interpreta o tamanho e comportamento daqueles trilobitas como adaptações a um ambiente frio e por vezes com pouco oxigênio.

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