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SAÚDE PÚBLICA

Guerra à osteoporose

Estudo alerta sobre os riscos do baixo consumo de cálcio

Até o final deste ano, num universo de 16 milhões de mulheres brasileiras com mais de 55 anos de idade, 4,5 milhões poderão desenvolver a osteoporose, uma doença mais comum em idosos, caracterizada pela diminuição de 20% a 25% da densidade óssea, expondo os ossos a um risco maior de fraturas. Preocupada em encontrar meios de reduzir esse problema, uma equipe do Núcleo de Investigação em Nutrição do Instituto de Saúde do Estado de São Paulo, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, fez uma pesquisa com 442 jovens de 14 a 19 anos, quando o consumo de cálcio torna-se ainda mais premente, por causa da formação da massa óssea.

As conclusões são preocupantes: apenas uma pequena parcela do grupo estudado (cerca de 10%) tem uma alimentação adequada em relação ao consumo de cálcio. A ingestão média desse mineral é de apenas dois terços do recomendado para que se possa prevenir a osteoporose. Na adolescência, o mínimo sugerido é de 1.300 miligramas de cálcio por dia, o equivalente, entre outras possibilidades, a dois copos grandes de leite (um pela manhã e um à noite), duas fatias de queijo e um iogurte ou uma taça de pudim de leite. Também é importante tomar sol, para o organismo produzir vitamina D, que ajuda na absorção de cálcio dos alimentos.

Por meio dessa pesquisa –O Papel do Cálcio na Prevenção da Osteoporose , com um financiamento de R$ 9,2 mil da FAPESP -, a nutricionista Doris Lucia Martini Lei pretendia levantar dados para fortalecer os programas preventivos. O ponto de partida é que a prevenção da doença deve ser feita ainda na infância e adolescência, quando convém consumir mais cálcio. O trabalho contou também com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Doris entregou questionários a 860 alunos de três escolas do ensino médio da cidade de São Paulo, duas particulares e uma pública. Como a participação era voluntária, 442 alunos (52% do total) responderam ao questionário preliminar sobre alimentação, atividade física e conhecimento sobre prevenção da doença. Desses, 242 responderam a perguntas específicas, que indicaram o consumo de cálcio.

O resultado indicou que predomina a desinformação acerca do combate à osteoporose. Na maior parte dos casos, a atividade física é orientada por razões estéticas, não pela preocupação com a saúde. E mais: é praticamente o mesmo nas três escolas o nível de desinformação dos adolescentes a respeito da importância do cálcio na nutrição durante o crescimento. “Os pais dos alunos das escolas particulares possuem uma maior escolaridade, mas essa característica não implica uma alimentação mais adequada”, comenta Doris. Face aos dados apurados, a equipe do Instituto de Saúde preparou folhetos com explicações sobre a importância do cálcio e as medidas de prevenção da osteoporose.

A pesquisadora conta que há também fatores inevitáveis que ampliam o risco de perda de massa óssea, como a raça (brancos e amarelos são mais suscetíveis), a constituição física (quanto maior a densidade óssea, mais improvável será o desenvolvimento da osteoporose) e o sexo (as mulheres, após a menopausa, ficam mais expostas ao problema), além de heranças genéticas. Por outro lado, a ingestão adequada de cálcio e o abandono da vida sedentária são fatores controláveis.

Perfil :
Doris Lucia Martini Lei, 48 anos, graduada em Nutrição, com mestrado e doutorado pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). É pesquisadora do Núcleo de Investigação em Nutrição do Instituto de Saúde, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

Projeto
O Papel do Cálcio na Prevenção da Osteoporose; Investimento R$ 9.210,00

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