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Estratégias

Impactos da pesquisa acadêmica

A pesquisa acadêmica tem efetivamente impacto sobre a produção econômica sob a forma de inovações de produtos ou processos, com níveis variados de escala de aplicação. Além disso, o processo de inovação também se dá por via de contatos pessoais, através de treinamento ou da resolução de problemas práticos, sendo um resultado da interação entre a produção e a Pesquisa e Desenvolvimento (PeD). É a conclusão da dissertação de mestrado Identificação de Impactos Econômicos a Partir da Pesquisa Acadêmica: um Estudo de Projetos Temáticos da FAPESP , defendida pelo pós-graduando André Luiz Sica de Campos, da área de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Unicamp, no dia 2 de julho, tendo como orientador o professor André Tosi Furtado.

Para o trabalho, ele selecionou 21 projetos temáticos financiados pela FAPESP, nas seguintes áreas de conhecimento: Agrárias, Humanas, Biológicas, Astronomia e Espaciais, Engenharia, Física, Administração e Economia, Matemática e Computação, Química e Saúde. Os projetos foram realizados no Instituto Agronômico de Campinas (IAC), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e na Unicamp. Seus coordenadores foram entrevistados em 1997. O levantamento constatou que 20 projetos tinham impacto científico-tecnológico; 16, impacto socioeconômico; 10, impacto de interiorização da pesquisa; 5, impacto sociocultural, e 1, impacto na formulação de políticas públicas.

No âmbito específico dos impactos socioeconômicos dos resultados dos projetos, ele constatou que 4 projetos tinham impactos reais efetivos (isto é, já aplicados na produção em grande escala), 4, impactos reais mas ainda em fase de transferência/difusão, e 8, tinham potencial de aplicação econômica. Exemplos dos primeiros: o desenvolvimento de variedade de milho híbrido tolerante a alumínio, um aplicativo de verificação ortográfica, gramatical e de sinônimos, e o desenvolvimento de método de diagnóstico de doença causada pela Xylella fastidiosa em citros.

Dentre os segundos (projetos com impactos reais ainda em fase de transferência/difusão) foram citados o desenvolvimento de um método de análise de solos para identificação de teores de micronutrientes, o desenvolvimento genético de um novo cultivar de amendoim, e o desenvolvimento de variedades de laranja livres de doenças e de seringueiras adequadas ao clima de São Paulo.

Dentre os projetos na ocasião classificados como de impacto potencial, foram destacados: processo para aproveitamento de xisto, processo para produção de piche mesofásico, desenvolvimento de software de controle de produção, desenvolvimento de protótipo para produção de energia a partir do carvão, método matemático para processamento de imagens e processo de desenvolvimento de hormônio do crescimento a partir de vegetais. A dissertação de Campos busca contribuir para uma metodologia de identificação de impactos econômicos de PeD, adequados para a compreensão do ambiente econômico do País. Segundo ele, a avaliação econômica de PeD tem abordagens tanto quantitativas como de corte sociológico.

Entretanto, a literatura existente, baseada em avaliações dos investimentos de PeD feitas especialmente em países desenvolvidos, é centrada em processos de inovação apoiados no setor privado, concentrando, portanto, o levantamento de dados em empresas. No caso brasileiro, os investimentos dependem principalmente do setor público e Campos mostra que o levantamento de dados para essa avaliação deve ser feito a partir de pesquisadores acadêmicos.

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