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Política C&T

Inovação, o elo comum

Na cerimônia realizada na sede da Fiesp, o diretor científico da FAPESP, José Fernando Perez, fez uma avaliação dos dois programas de incentivo à inovação tecnológica nas empresas. “A demanda foi surpreendente. O sistema de pesquisa do Estado de São Paulo está vivendo um momento muito especial, testemunhado pela grande procura por financiamento”, disse.

Em sua palestra de apresentação do funcionamento dos dois programas e seus resultados, ele assinalou que ambos têm características específicas, mas possuem o elo comum de se destinarem à pesquisa para inovação tecnológica. “O Programa de Parceria para Inovação Tecnológica (PITE), que envolve cooperação entre universidade e empresa, deve resultar em inovação, mas o projeto é desenvolvido dentro de um ambiente acadêmico.

Sua grande característica é que a parceria se manifesta no co-financiamento do projeto”, afirmou. Os recursos são dados ao pesquisador e os projetos inscritos são avaliados pelos assessores da FAPESP, que analisam os objetivos da pesquisa, a metodologia de inovação tecnológica, a qualificação da equipe, o risco tecnológico e a adequação e contrapartida da empresa, que pode ser de qualquer Estado e de qualquer porte. A instituição de pesquisa é que obrigatoriamente deve ser paulista.

Em dois anos, o programa teve 70 projetos inscritos, dos quais 31 foram aprovados, representando recursos por parte da Fundação da ordem de R$ 4,1 milhões. Até agora, segundo Perez, o investimento da FAPESP corresponde, em média, a 36% do valor total dos projetos. “É uma espécie de seed money, uma forma de estimular o investimento empresarial em pesquisa”, comentou.

O diretor científico da FAPESP lembrou que o objetivo principal do PITE é estimular a saída do conhecimento acadêmico, que, segundo Perez, está excessivamente concentrado nas universidades e nos institutos de pesquisa. Novos pedidos de financiamento podem ser encaminhados em fluxo contínuo, isto é, durante todo o ano. O prazo máximo de duração da pesquisa é de 36 meses.

Programa em três fases
Programa de Inovação Tecnológica na Pequena Empresa (PIPE), na avaliação do diretor científico da FAPESP, é o mais ousado entre os programas mantidos pela Fundação. “Esse programa tem por objetivo oferecer incentivo e oportunidade para que as pequenas empresas desenvolvam pesquisa. Ele pretende estimular a inovação tecnológica, viabilizar a maior aplicação prática da pesquisa e contribuir para a formação de uma cultura”. A pesquisa é desenvolvida dentro da própria empresa, os recursos são para o pesquisador, não há exigência de contrapartida e os projetos se desenvolvem em três fases.

A Fase I objetiva o estudo da viabilidade técnica de novos produtos ou processos industriais, com limite de financiamento de R$ 50 mil e duração máxima de seis meses. Os trabalhos mais bem sucedidos podem ser aprovados para a Fase II, com financiamento máximo de R$ 200 mil por projeto e duração de até 24 meses, visando ao desenvolvimento da pesquisa científica ou tecnológica propriamente dita, até o protótipo dos produtos. A FAPESP não participa com apoio financeiro para os projetos aprovados para a Fase III, cujo objetivo é o desenvolvimento de novos produtos fundamentados nas pesquisas realizadas, mas colabora para que a empresa obtenha financiamento de outras fontes.

Criado no ano passado, este programa inspirou-se no SBIR (Small Business Inovation Research), dos Estados Unidos, pelo qual as agências governamentais de fomento à pesquisa são obrigadas a investir 2,5% de seu orçamento no incentivo à inovação tecnológica em pequenas empresas. “O programa da FAPESP não exige titulação do pesquisador responsável, para não reprimir projetos bem qualificados”, comentou Perez, em sua exposição na Fiesp. Mesmo assim, 18% dos responsáveis pela pesquisa têm graduação, normalmente em engenharia, e 16%, mestrado.

A demanda neste programa também superou a expectativa. A FAPESP recebeu, na primeira rodada de inscrições, 70 projetos, dos quais 31 foram aprovados, recebendo recursos da ordem de R$ 1,3 milhão. Na segunda rodada inscreveram-se 50 projetos, tendo sido aprovados 22, somando recursos de cerca de R$ 900 mil. O diretor científico, José Fernando Perez, calcula que, se todos forem aprovados para a segunda fase, os investimentos podem chegar a R$ 10 milhões, o dobro do inicialmente previsto. Participam desse programa empresas com até 100 funcionários, necessariamente sediadas no Estado de São Paulo. As inscrições podem ser feitas até 30 de junho e 30 de novembro.

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