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Boas práticas

Integridade no ambiente da ciência aberta

Brispe deste ano, que começa na quinta-feira, vai discutir novos desafios impostos por uma cultura de pesquisa em transformação

ReproduçãoAcontece entre os dias 28 e 29 de outubro o VI Brispe – Brazilian Meeting on Research Integrity, Science and Publication Ethics. O evento, que ocorre a cada dois anos desde 2010, reúne especialistas em ética na ciência, editores de periódicos científicos, representantes de agências de fomento, pesquisadores e estudantes para discutir temas e desafios relacionados à promoção da integridade científica no Brasil. Originalmente planejado para ser sediado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o encontro será apresentado virtualmente via plataforma Zoom, por causa da pandemia.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até quarta-feira (27/10), no site www.vibrispe2020.com.

O tema do VI Brispe será “Integridade em pesquisa, ciência aberta e autoria: Desafios e oportunidades para os sistemas de pesquisa”. As palestras e painéis vão discutir formas de estimular comportamentos éticos e combater má conduta em um ambiente marcado por uma dinâmica de colaboração científica mais vigorosa, com acesso aberto às produções e um compartilhamento mais amplo de dados científicos, que se convencionou chamar de ciência aberta. De acordo com Sonia Vasconcelos, pesquisadora do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis (IBqM) da UFRJ e copresidente do VI Brispe, o conjunto do programa do evento busca abordar esses aspectos éticos a partir de diferentes perspectivas. “Quando falamos, por exemplo, sobre ‘cultura de pesquisa’ no contexto da ciência aberta, os desafios são enormes, como aqueles relacionados à forma como a comunidade acadêmica lida com competição e colaboração, com critérios de autoria, de originalidade, de sigilo, dentre outros.”

Esse aspecto sobre a cultura de pesquisa, informa a copresidente, será abordado ao longo das sessões virtuais, como na apresentação do patologista Michael Kalichman, que durante décadas coordenou o Programa de Ética na Pesquisa da Universidade da Califórnia, San Diego, nos Estados Unidos, que ocorrerá na manhã de quinta-feira (28), logo após a abertura do evento; ou na palestra que será proferida na manhã de quinta-feira (29) pelo epidemiologista Lex Bouter, da Universidade Livre de Amsterdã, coordenador-geral da organização da VII Conferência Mundial sobre Integridade em Pesquisa, que ocorrerá entre maio e junho de 2022.

“Também haverá um olhar, talvez mais pontual, no minicurso ‘Ciência aberta: Repensando a cultura de publicação’, oferecido por Glenn Hampson, fundador e diretor do Open Scholarship Initiative, e Abel Packer, diretor da biblioteca SciELO Brasil, além do Fórum para Pesquisadores em Início de Carreira, que ocorrerá nos dois dias do evento”, explica Vasconcelos. “Estamos, com nossos colegas, copresidentes do programa, professores Carla Bonan, da PUC-RS, e Edson Watanabe, da Coppe/UFRJ, empenhados para que as discussões nas sessões envolvam ao máximo a participação de pesquisadores em início de carreira.”

Segundo os organizadores, a escolha do tema foi motivada por mudanças recentes na dinâmica da produção e da comunicação científica. “Essas transformações vêm sendo influenciadas, dentre outros aspectos, pelos movimentos de ciência aberta, refletidos, por exemplo, em um maior escrutínio público da ciência e dos pesquisadores e, ao mesmo tempo, em um maior engajamento público com a academia. Os aspectos éticos nesse cenário em transformação têm papel crucial, quando falamos, por exemplo, sobre a confiabilidade de resultados de pesquisa e a confiança pública na ciência”, diz a pesquisadora da UFRJ.

Carmen Penido, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e também copresidente do encontro, afirma que o ambiente promovido pela ciência aberta incentiva uma responsabilidade partilhada entre os atores que integram os sistemas de pesquisa no que tange, por exemplo, à formação de jovens pesquisadores, com um olhar e conduta mais abertos para a exposição de suas contribuições. “Essa exposição pode envolver divulgação mais frequente de resultados negativos e de dados ainda não publicados em repositórios e/ou bases específicas, além do acesso a pareceres científicos. Tudo isso é desafiador para quem está inserido em uma cultura de pesquisa em transformação.”

O encontro é organizado por pesquisadores da UFRJ, especialmente do IBqM e Coppe, em colaboração com a Fiocruz, e conta com o apoio de diversas instituições, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Rio de Janeiro (Faperj), a FAPESP, a Academia Brasileira de Ciências (ABC), o Programa de Jovens Lideranças Médicas da Academia Nacional de Medicina (ANM), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Associação Brasileira de Editores Científicos (Abec), a editora Elsevier, entre outros.

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