No dia 19 do mês de novembro passado, cerca de sessenta pesquisadores – coordenadores ou integrantes das equipes dos laboratórios paulistas selecionados para participar do Projeto Genoma-FAPESP – estiveram na sede da Fundação para a primeira reunião de trabalho de todos os participantes do Projeto, que deverá, até o ano 2000, realizar o seqüenciamento genético da bactéria Xylella fastidiosa , causadora da Clorose Variegada de Citros (CVC), doença popularmente conhecida como amarelinho, que ataca os citros.
Dentre os laboratórios de seqüenciamento, há laboratórios de entidades públicas e privadas, de várias regiões do Estado, selecionados, de acordo com o diretor científico da FAPESP, José Fernando Perez, com base em três critérios: quinze deles pela documentada experiência em seqüenciamento genético, oito, por atuarem na área de patologia vegetal, que é a que deverá primeiro apropriar-se dos resultados da pesquisa, e sete, por possuírem grupos com experiência científica bastante qualificada, com interesse e possibilidade de incorporar os conhecimentos adquiridos nesse projeto às suas linhas de pesquisa.
No total, inscreveram-se cem laboratórios, mas seria inviável, segundo o professor Perez, gerenciar o trabalho de todos eles. “Foi uma resposta extraordinária, mostrando a oportunidade do programa. Ele responde a uma necessidade dos pesquisadores”, avalia o diretor científico da FAPESP, acrescentando que, dos cem laboratórios inscritos, um número muito reduzido possuía experiência significativa em seqüenciamento genético. “Isto significa que há muitos grupos de pesquisa que querem dominar essa tecnologia para utilizar em seus projetos”.
O professor destaca, contudo, que o interesse suscitado pelo Projeto Genoma-FAPESP entre os pesquisadores paulistas e a importância estratégica da área de biotecnologia e biologia molecular, para o país, tornaram consensual, entre os membrosdo Conselho de Supervisão e as lideranças do projeto, a possibilidade de um outro programa da mesma natureza vir a ser financiado pela FAPESP, futuramente. “Há necessidade de dominando essa tecnologia e há disposição por parte dos pesquisadores, reafirmada pela extraordinária demanda por participar do Projeto Genoma-FAPESP. Isto requer uma análise, à qual não podemos nos furtar. Evidentemente, nenhuma decisão será tomada antes de se ter segurança de que o projeto atual está caminhando com sucessso”.
Resposta ágil
O Projeto Genoma-FAPESP foi lançado oficialmente no dia 13 de outubro e as inscrições de laboratórios interessados em participar dele encerraram-se em 15 de novembro. Nos dias 17 e 18, o Conselho de Supervisão fez a seleção, com o resultado sendo divulgado, naquele mesmo dia, pelo endereço eletrônico do Projeto. No dia seguinte, 19, às10 horas da manhã, todos os pesquisadores dos laboratórios selecionados compareceram à reunião convocada, também via Internet, numa agilidade e disposição poucas vezes vista.
Para o professor Andrew John George Simpson, do Laboratório de Genética do Câncer, do Instituto Ludwig de Pesquisas Sobre o Câncer e, no organograma do Projeto Genoma-FAPESP, Coordenador de DNA, o projeto é fundamentalmente um trabalho de equipe. “A essência do projeto é colaboração e agilidade, com interesse real de chegar a a resultado. E o resultado vai ser produto do trabalho coletivo e não de um pesquisador individualmente ou de uma só equipe”.
A fase atual do projeto é de aquisição de equipamentos – a maioria importada – para os laboratórios e a preparação das bibliotecas de DNA , ou do genoma na forma para sersequencidado. A expectativa, segundo Andrew Simpson, é que a distribuição das partes aos laboratórios seja feita por volta do mês de abril próximo, iniciando-se, então, os trabalhos de seqüenciamento efetivo.
A organização do Projeto
Na sua organização, o Projeto Genoma-FAPESP é supervisionado por um Comitê formado por cinco membros, três deles especialistas internacionais em seqüenciamento genético e dois cientistas paulistas. O Comitê de Supervisão foi nomeado pela FAPESP no final do mês de outubro passado.
A coordenação do Projeto está a cargo de um Coordenador de DNA, selecionado pelo Comitê de Supervisão entre os laboratórios inscritos com esse propósito. Ele é o responsável por gerar os fragmentos do genoma que serão seqüenciados pelos diversos laboratórios e por coordenar o fluxo de dados dos laboratórios de seqüenciamento para o Centro de Bioinformática, dirigido pelos Coordenadores de Informática.
O Comitê de Supervisão selecionou, ainda, dois Laboratórios Centrais de Seqüenciamento, que atuarão como centro de treinamento e suporte a todos os pesquisadores.
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