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Tecnociência

Marcas da vida social

Capazes de dançar antes do acasalamento e de viver em uma sociedade de castas regidas por uma rainha, as abelhas Apis mellifera guardam nos próprios genes, abrigados no núcleo de cada célula, os registros da transformação de seu estilo de vida, antes solitária. Ainda que tão diferentes entre si, as duas castas – a nobreza formada pela rainha e por suas herdeiras e o equivalente à plebe de operárias que constroem os ninhos e defendem as colônias – resultam de um mesmo genoma, seqüenciado por um consórcio de centros de pesquisa que incluiu três unidades da Universidade de São Paulo (USP), duas em Ribeirão Preto e a terceira na capital. Segundo esse trabalho, publicado na Nature de 26 de outubro, esse inseto – o terceiro a ser seqüenciado, depois da mosca-das-frutas e do Anopheles – originou-se na África e espalhou-se pela Europa e pela Ásia em duas ondas migratórias distintas. A espécie africana, Apis mellifera scutellata, chegou ao Brasil em 1956 e quase substituiu a abelha européia, mais dócil porém menos produtiva.

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