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HISTÓRIA

Monges medievais registram luas vermelho-sangue

Pierpont Morgan Library / Wikimedia Commons Comentário sobre o Apocalipse registra eclipsesPierpont Morgan Library / Wikimedia Commons

“(…) e o Sol foi obscurecido e a Lua se transformou em sangue”. Ainda que a Lua eclipsada vermelho-sangue fosse vista como um possível sinal do Apocalipse, descrições como essa, em Comentário sobre o Apocalipse, livro escrito em 1090 pelo teólogo espanhol Beatus de Liébana (730–785), retrataram eclipses do Sol e mudanças na cor do céu. Desse modo, textos e pinturas de monges medievais ajudaram a datar com precisão grandes erupções vulcânicas. Durante um eclipse solar, a lua parece uma esfera avermelhada por ser banhada pela luz do sol curvada ao redor da Terra por sua atmosfera. Pode também desaparecer, encoberta pela poeira liberada por erupções vulcânicas, e limitar a luz solar que chega à superfície da Terra, prejudicando culturas agrícolas. “Os eclipses lunares mais escuros ocorreram dentro de um ano ou mais após grandes erupções vulcânicas”, comentou à newsletter da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, Sébastien Guillet, da Universidade de Genebra. Ele liderou um grupo que, durante cinco anos, examinou centenas de crônicas e pinturas da Europa e do Oriente Médio dos séculos XII e XIII. Dos 64 eclipses lunares totais ocorridos na Europa entre 1100 e 1300, um dos períodos de maior atividade vulcânica da história da Terra, os cronistas documentaram fielmente 51. As erupções no período medieval podem ter levado à Pequena Era do Gelo, quando as geleiras avançaram sobre a Europa (Cambridge News e Nature, 5 de abril).

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