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Especial

Nas artérias do velho prédio da Medicina

Reforma total na rede elétrica e hidráulica

A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, na capital paulista, iniciou um amplo projeto de restauro e modernização de seu prédio, erguido entre 1928 e 1931 e tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Artístico (Condephaat). O estímulo para a realização do projeto surgiu depois que o Programa de Infra-Estrutura investiu cerca de R$ 5,6 milhões na recuperação dos seus laboratórios e da infra-estrutura interna do prédio. Uma parte significativa desses recursos foi utilizada para trocar as redes elétrica e hidráulica, rede de esgoto e sistema de climatização da maioria dos 62 Laboratórios de Investigação Médica (LIMs) da faculdade. Os laboratórios foram reformados e ganharam equipamentos.

“Trocamos todos os encanamentos, separando os esgotos em duas redes isoladas: uma para pias e banheiros e outra, feita de material adequado para dejetos químicos, exclusiva para os laboratórios”, diz o professor Gregório Santiago Montes, chefe do Laboratório de Biologia Celular do Departamento de Patologia e que coordenou, como diretor dos LIMs, os projetos dirigidos ao programa. O sistema hidráulico também foi substituído, melhorando as condições de funcionamento dos laboratórios e permitindo a instalação de um sistema de ar-condicionado central movido por um fluxo independente de água gelada, que serve para a climatização dos laboratórios. Afinal, o fato de o prédio ser tombado impede intervenções na sua fachada, para instalação de aparelhos comuns de ar-condicionado.

Os efeitos de tudo isso não se fizeram esperar na produção de estudos e na sua maior visibilidade. “Em 1996, os resultados obtidos nos experimentos dos pesquisadores da faculdade renderam cerca de 420 artigos publicados em revistas científicas – 37% em publicações indexadas pelo Institute for Scientific Information (ISI). Em 2000, o número de artigos teve um salto de 38%, passando para 580 trabalhos, 51% deles avalizados pelo ISI”, compara Montes.

Lípides, hormônios e diabetes
Na área de Endocrinologia, quatro laboratórios passaram por reformas e os resultados já foram contabilizados. “A maior parte dos estudos realizados nesses LIMs são pesquisas clínicas, que têm conexão estreita com o Hospital das Clínicas (HC), o maior hospital da América Latina”, diz o professor Éder Carlos Rocha Quintão. No LIM 42 – que realiza dosagens hormonais de rotina para o HC, além de pesquisas de biologia molecular – houve aumento de 26 mil para 38 mil no número de dosagens hormonais mensais. “Com a reforma, pudemos também desenvolver novas técnicas, como o Fish(Fluorescence in situ hibridation) , que permite identificar mutações genéticas por meio de marcadores cromossômicos, melhorando o diagnóstico de doenças como a síndrome de Turner”, informa Berenice Mendonça, chefe do laboratório.

No LIM 18, onde são realizados estudos de carboidratos e radioimunoensaios voltados a diabetes, novas linhas de pesquisa foram abertas. Entre elas, a professora Mileni Josefina Ursich destaca a de autoimunidade ao diabetes tipo 1, que ocorre em crianças. “Isto foi possível com a melhoria do biotério do laboratório e com a criação de novos espaços, como a sala de PCR e a de cultura de células”, diz. Foram reformados também o LIM 10, de metabolismo de lípides e proteínas, e o LIM 25, de biologia molecular de diabetes e dos tumores glandulares, bioquímica do tecido adiposo e que participa do projeto Genoma Humano do Câncer.

Antônio Carlos Seguro, professor de Nefrologia e responsável pelo LIM 12, usou os recursos do programa para a reforma geral do laboratório e do biotério de manutenção.

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