Os povos que habitaram o litoral norte do Chile antes da chegada do colonizador europeu devem ter sido hábeis pescadores e caçadores de animais marinhos. Possivelmente, saíam sozinhos em pequenas jangadas para arpear baleias, espadartes e tubarões ou capturar leões-marinhos e tartarugas. “Essa deve ter sido uma atividade solitária, realizada pelos indivíduos mais aptos”, sustenta o arqueólogo chileno Benjamín Ballester, pesquisador da Universidade de Paris 1 Pantheón-Sorbonne, na França. Essa interpretação se baseia na análise de material arqueológico coletado por outros pesquisadores e no exame de 328 pinturas que Ballester descobriu recentemente na região de El Médano, entre as cidades de Antofagasta e El Paposo, no norte do Chile. As imagens estão gravadas em 24 blocos de rocha distribuídos por um trecho de 5 quilômetros (km) da ravina Izcuña, um canal criado por escoamento de água que se estende do sopé da cordilheira à planície costeira. As pinturas mais comuns são figuras simples, em forma de peixe, seguidas de jangadas e cenas de captura. As figuras humanas são quase ausentes. Nas cenas de pesca, aparecem solitárias na jangada, com uma presa arpoada, quase sempre maior que o barco (Antiquity, fevereiro). “Esse estilo coloca a presa intencionalmente como protagonista, como evidenciam as representações detalhadas da anatomia e fisiologia dos animais”, escreve Ballester. As pinturas datam de 1.500 anos atrás.
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Nas bordas do Atacama, cenas de pesca

Cena de captura de baleia encontrada na ravina Izcuña foi pintada há cerca de 1.500 anos
Benjamín Ballester / Universidade Paris 1 Pantheón-Sorbonne