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Boas práticas

Novos estímulos à ética na pesquisa

Encontro sobre integridade científica divulga recomendações

Foi divulgada nesta quarta-feira (18) uma declaração com recomendações para estimular boas práticas científicas em universidades e instituições de pesquisa do país compiladas no II Encontro Brasileiro de Integridade em Pesquisa, Ética na Ciência e em Publicações (Brispe, na sigla em inglês), que aconteceu entre 28 de maio e 1 de junho em Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. Leia a íntegra.

A primeira recomendação do Brispe é que as instituições brasileiras incluam, promovam e divulguem orientações sobre integridade científica e conduta responsável em pesquisa, além de materiais informativos e didáticos sobre o tema, em seus sites oficiais, e sugere a adoção de vários documentos de referência para produzir esses textos. Um deles é Código de Boas Práticas Científicas lançado pela FAPESP em setembro de 2011, um conjunto de diretrizes éticas para a atividade profissional dos pesquisadores que recebem bolsas e auxílios da Fundação.

Outros documentos sugeridos são a Declaração de Cingapura sobre Integridade em Pesquisa, um guia global para a condução responsável de pesquisas proposto pela II Conferência Mundial sobre Integridade em Pesquisa, realizada em 2010, em Cingapura; as Diretivas para a Integridade da Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), divulgado em outubro de 2011; e o recente documento “Cooperação entre instituições de pesquisa e periódicos em casos de integridade em pesquisa”, do Committee on Publication Ethics (Cope), com sede no Reino Unido, que estabeleceu diretrizes para estimular a cooperação entre instituições de pesquisa e revistas científicas na investigação de casos de má conduta em artigos científicos.

“As recomendações nesta declaração conjunta foram feitas pelos membros de um grupo de trabalho do II Brispe e discutidas antes, durante e após a seção de políticas internacionais para integridade na pesquisa e conduta responsável em pesquisa, realizada no Rio de Janeiro no dia 29 de maio”, explica Sonia Vasconcelos, uma das coordenadoras do evento, estudiosa do assunto e pesquisadora de educação e gestão em ciência do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IBqM/UFRJ). “Esse grupo de trabalho incluiu palestrantes convidados e membros dos comitês organizador e assessor do II Brispe”, afirma. O texto está disponível na página do II Brispe em inglês, português e espanhol.

As demais recomendações abordam temas como o plágio e a necessidade de investir na competência linguística dos pesquisadores. O documento propõe que as instituições incluam diretrizes sobre integridade científica em suas abordagens estratégicas para promover a excelência em pesquisa. Também sugere esforços para informar os alunos, do ensino fundamental ao universitário, de que o plágio em monografias, dissertações e teses é uma violação acadêmica e uma prática ilegal no Brasil.

Outra sugestão é proporcionar atividades educativas sobre integridade científica entre alunos e professores para estimular a discussão institucional acerca das preocupações locais que precisem ser trabalhadas. Constam ainda na declaração o incentivo à participação de alunos e professores em reuniões nacionais e internacionais e/ou cursos sobre integridade científica e condutas responsáveis e a oferta de oportunidades para que eles possam desenvolver competências linguísticas internacionais para a comunicação da ciência e seus resultados. Por fim, o documento sugere atividades de sensibilização sobre o papel da ética em publicações e sobre a autoria acadêmica em trabalhos colaborativos; e iniciativas para promover a noção de responsabilização nas atividades de pesquisa e a confiança pública na ciência.

O II Brispe foi organizado pelo IBqM/UFRJ em associação com o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós Graduação e Pesquisa em Engenharia (COPPE/UFRJ), e teve a colaboração de instituições como o Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz); a Universidade de São Paulo (USP) e a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), entre outras. A FAPESP foi um dos patrocinadores do encontro, juntamente como a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o CNPq, a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Sociedade Brasileira para o Avanço da Ciência (SBPC), o Fórum de Pró-Reitores de Pós-Graduação e Pesquisa (FOPROP), o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CF OAB), a OAB-Ceará, o Office of Research Integrity (ORI), os National Institutes of Health (NIH) e as All European Academies (ALLEA), entre outros.

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