Imprimir Republicar

Boas práticas

Novos princípios para garantir a integridade científica no governo dos EUA

Novos princípios constam de relatório assinado por Joe Biden em 2021 e pretendem proteger as agências federais de interferências políticas que possam comprometer suas atividades

Karwai Tang /UK Government

O Escritório de Políticas Científicas e Tecnológicas (OSTP) do governo dos Estados Unidos divulgou em janeiro um relatório que avalia a aplicação de políticas de integridade científica em agências federais. Uma das novidades do documento foi a definição de cinco novos princípios para proteger as agências de interferências políticas que possam comprometer suas atividades.

O primeiro princípio é o dissenso. De acordo com o relatório, a ciência se beneficia das divergências dentro da comunidade de pesquisadores para aperfeiçoar ideias e a capacidade dos cientistas de expressar livremente desacordos legítimos não deve ser restringida.

O segundo é o alcance das políticas de integridade científica ampliado ao governo como um todo e não apenas às agências envolvidas com pesquisa. Segundo o texto, todos os órgãos que trabalham com políticas baseadas em evidências devem se preocupar com integridade.

O terceiro prevê o envolvimento direto de pesquisadores na formulação de políticas do governo, a fim de que a ciência seja compreendida e considerada ativamente nos processos de tomada de decisão.

O quarto garante liberdade e transparência para que pesquisadores exponham os resultados de seus estudos, desde que não envolvam dados sigilosos, a fim de disseminar a ciência e prestar contas à sociedade.

E o quinto estabelece que violações da integridade científica sejam consideradas violações da ética do governo e tenham consequências comparáveis a esse tipo de desvio.

O relatório é resultado de um memorando que o presidente Joe Biden assinou assim que assumiu o governo, há um ano, e seu conteúdo complementa um outro documento produzido em 2009 durante o governo Barack Obama.

O relatório anterior estabeleceu outros princípios para garantir a integridade científica no governo, determinando que a seleção para cargos do Executivo na área de ciência e tecnologia deveria se basear no conhecimento, experiência e integridade dos candidatos; que cada agência federal deveria ter normas e procedimentos apropriados para assegurar a integridade científica em suas atividades; que as informações científicas que norteiam a tomada de decisões devem estar bem estabelecidas, com o crivo da revisão por pares quando apropriado, e disponíveis para o público; e que cada agência deve ter procedimentos para detectar casos de má conduta e proteger quem denuncia desvios.

O grupo que produziu o novo relatório começou a trabalhar em maio de 2021 e é composto por 57 membros de 29 agências, sob a supervisão da vice-diretora de Ciência e Sociedade do OSTP, Alondra Nelson, e pela vice-diretora de Clima e Meio Ambiente do órgão, Jane Lubchenco.

Republicar