Oito em cada 10 agricultores brasileiros empregam pelo menos uma ferramenta digital para apoiar a produção em suas propriedades. Essa é a principal conclusão de uma pesquisa conduzida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em conjunto com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O levantamento foi realizado entre os meses de abril e junho e os resultados divulgados em agosto.
O estudo contou com a participação de 504 produtores rurais, que se dedicam à agricultura, pecuária ou silvicultura (cultivo de florestas), além de 249 empresas ou prestadores de serviços em agricultura digital. Participantes de 556 municípios brasileiros enviaram suas respostas, sendo que a maior parte deles pertence à região Sudeste (ver infográfico abaixo).
“Nosso objetivo foi traçar um diagnóstico do uso atual das tecnologias, aplicações, desafios e perspectivas futuras da agricultura digital no Brasil”, diz o engenheiro florestal Édson Bolfe, pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária e coordenador do estudo. “Além do uso de tecnologias de agricultura de precisão, como sensores de solo e de clima, imagens de satélite, eletrônica de precisão ou drones, que são empregadas no processo produtivo em si, a pesquisa também abordou o uso de tecnologias antes e depois da porteira, nos estágios de pré e pós-produção, como aplicativos que auxiliam na compra de insumos, na gestão da propriedade e na venda da produção”, explica.
Internet e redes sociais
Navegar na internet para acessar informações gerais sobre o setor e o mercado agrícola é a principal aplicação das ferramentas digitais utilizadas pelos agricultores, com 70% de menções. As redes sociais, como Facebook e os serviços de mensagem, como WhatsApp, foram citadas por mais da metade dos produtores rurais como meios empregados para obtenção de informações relativas à propriedade, aquisição de insumos e comercialização da produção.
“Os agricultores utilizam essas ferramentas [internet, redes sociais e serviços de mensagem] em atividades gerais para ajudar no planejamento e na administração de suas propriedades”, avalia Bolfe. “Mas muitos já recorrem a aplicações mais sofisticadas e complexas. Um terço emprega tecnologias para mapear e planejar o uso da terra.”
Tecnologias mais especializadas, como sensoriamento remoto por drones, satélites e aviões para obtenção de imagens da lavoura, sensores proximais para acesso a dados do campo ou sistemas automatizados ou robotizados no apoio à produção, foram mencionadas, respectivamente, por 17%, 16% e 7% dos entrevistados. “Atualmente, quanto mais inovadora é a tecnologia digital, maior a complexidade de aplicação e menor o número de agricultores usuários”, destaca Bolfe.