Em três anos, pesquisadores da Universidade de Glasgow, na Escócia, identificaram mais de 800 notícias sobre escravos fugidos publicadas entre 1700 e 1780 em jornais do Reino Unido. Também foram descobertos 80 anúncios de venda de escravos na London Gazette e no London Journal, armazenados em instituições como a British Library e a Liverpool Central Library. O estudo gerou o banco de dados The Runaway Slaves in Eighteenth-Century Britain, aberto ao público em julho deste ano, e indica que o comércio de escravos era comum no Reino Unido. Disponível na internet, o banco oferece transcrições completas dos anúncios e, em alguns casos, suas reproduções. Simon Newman, professor da Universidade de Glasgow e coordenador do projeto, é especialista em história dos Estados Unidos e em escravidão atlântica. Ele declarou em junho à revista on-line Quartz que as descobertas permitem contestar a ideia de que o comércio transatlântico de escravos teria ocorrido principalmente no Caribe, nas Américas e no sul da Ásia. Muitos dos anúncios se referem a afrodescendentes, mas há outros sobre escravos indianos e indígenas norte-americanos. Os documentos descrevem roupas, penteados e habilidades dos escravos e contêm evidências de que alguns se filiaram a igrejas, foram batizados ou se casaram com europeus. O projeto prevê a criação de material didático a partir dos documentos encontrados para permitir conhecer esse aspecto pouco abordado da história local. No Império Britânico, a escravidão foi abolida em 1833. Nos Estados Unidos, em 1865.
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