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Sociologia

O comércio do sexo

Feministas e acadêmicos vêm debatendo teoricamente o que exatamente é comprado numa transação de prostituição e se o sexo pode ser “um serviço como qualquer outro”, mas raramente lidam empiricamente com essas questões. O artigo “O significado da compra: desejo, demanda e o comércio do sexo”, de Elizabeth Bernstein, da Universidade Columbia, Estados Unidos, se baseia em observações de campo e entrevistas com clientes masculinos de trabalhadoras do sexo comercial e com agentes do Estado encarregados de regulá-las para investigar os significados dados a diferentes tipos de trocas sexuais comerciais. Manifestados por detenção e reeducação de clientes, apreensão de veículos, leis mais estritas sobre a prostituição de menores e a posse de pornografia com crianças, recentes esforços do Estado para problematizar a sexualidade masculina nos Estados Unidos e na Europa Ocidental se desenvolveram ao lado de uma ética de consumo sexual descontrolada, evidenciada pela imensa demanda por pornografia, clubes de strip-tease, lap-dancing, acompanhantes, sexo por telefone e turismo sexual em países em desenvolvimento. Ao situar a troca sexual comercial, dentro do contexto mais amplo das transformações pós-industriais da cultura e da sexualidade, é possível começar a desvendar esse paradoxo.

Cadernos Pagu – nº 31 – Campinas – jul./dez. 2008

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