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Tecnociência

O corpo e a geografia

Analisando o material genético de 30 populações dispersas pelo planeta, pesquisadores norte-americanos e o biólogo brasileiro Diogo Meyer, da Universidade de São Paulo, conseguiram evidências robustas de que dois grupos de genes responsáveis por características do sistema de defesa humano evoluíram de modo interconectado por milhares de anos (Nature Genetics). Os pesquisadores analisaram amostras de sangue de 1.642 pessoas e identificaram variações nos genes KIR e nos genes HLA. Os KIR são responsáveis por ativar ou inibir células de defesa chamadas linfócitos natural killer. Já os HLA ajudam a reconhecer quem são os invasores que devem ser combatidos. A equipe de que Meyer fez parte constatou que, como os HLA atuam junto às proteínas KIR para regular o funcionamento dessas células de defesa, a evolução desses dois grupos de genes não é independente: organismos que têm muito HLA do tipo que liga os KIR ativadores são propensos a doenças auto-imunes. O grupo mostrou que quanto mais distante da África, onde a espécie humana teria surgido há cerca de 200 mil anos, maior a variedade de genes KIR. Já a diversidade de genes HLA diminuiu com a distância do continente africano. “Populações com altas freqüências da forma de HLA que ativa o KIR têm menos genes KIR e vice-versa”, explica Meyer.

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