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Boas práticas

O impacto das revistas e conferências predatórias

Wikimedia Commons

A InterAcademy Partnership (IAP), rede que congrega mais de uma centena de academias de ciências, engenharia e medicina do mundo, lançou no mês passado o relatório “Combatendo periódicos e conferências acadêmicas predatórias”, fruto de dois anos de trabalho de um painel de pesquisadores de países como Itália, Malásia, Uruguai, Egito e Benin. Uma das principais contribuições do documento é mostrar que existe um gradiente de comportamentos negligentes e fraudulentos em periódicos e conferências, que devem servir como sinais de alerta para pesquisadores.

O relatório enumera as características de três tipos de revistas, as de boa qualidade, as de qualidade baixa e as fraudulentas. Revistas de boa qualidade produzem avaliações minuciosas de trabalhos científicos, são claras sobre os custos de publicação, dispõem de regras para retratar artigos com erros e falhas e possuem conselhos editoriais sólidos. Quando ocasionalmente se envolvem em casos de má conduta, tomam providências apropriadas para enfrentar o problema.

Já uma revista de baixa qualidade costuma apresentar problemas como avaliação displicente de manuscritos, serviços editoriais deficientes, conselhos editoriais inativos, assédio exagerado a autores e falhas com o arquivamento de artigos. Se um título concentrar muitos desses indicadores, é recomendável evitá-lo.

As revistas fraudulentas têm comportamentos deliberadamente enganosos. Com frequência mentem sobre a composição de seus conselhos editoriais e fator de impacto, aceitam publicar artigos em tempo recorde sem revisar seus conteúdos e, em casos extremos, apropriam-se de forma criminosa da identidade de publicações respeitadas.

O relatório define igualmente um espectro de comportamentos suspeitos de organizadores de conferências: encontros fraudulentos não costumam ter patrocinadores, assediam principalmente pesquisadores em início de carreira para que apresentem trabalhos e escamoteiam os custos dos serviços, surpreendendo autores com as cobranças. Não é incomum que tenham sites confusos e acabem canceladas, deixando um rastro de prejuízos para pesquisadores desavisados.

O grupo de trabalho credenciado pela IAP levantou dados sobre essas revistas e congressos e ouviu mais de 1,8 mil pesquisadores de várias nações. “Jornais e conferências predatórios parecem afetar todas as regiões do mundo, disciplinas e estágios de carreira acadêmica, com mais de 80% dos entrevistados em nossa pesquisa global indicando que eles são um problema ou estão em ascensão em seus países”, afirmou Susan Veldsman, uma das coordenadoras do relatório e diretora de publicações acadêmicas da Academia de Ciências da África do Sul, segundo o serviço de notícias científicas Eurekalert. “Estimamos que mais de 1 milhão de pesquisadores provavelmente utilizou meios predatórios, muitos deles sem saber, a um custo de bilhões de dólares em recursos de pesquisa desperdiçados.”

O relatório do IAP está disponível em: www.interacademies.org/project/predatorypublishing.

 

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