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Estratégias

O militante da saúde pública

O pesquisador e o político conviviam em simbiose na biografia de Sérgio Arouca, o sanitarista e ex-deputado morto aos 61 anos, no dia 2 de agosto. A vocação política expressou-se primeiro: aos 15 anos, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro, hoje Partido Popular Socialista, agremiação pela qual concorreu à vice-presidência da República, em 1989, e cumpriu dois mandatos na Câmara Federal. A trajetória científica floresceu na Unicamp, onde Arouca criou nos anos 60 um centro de medicina que serviria de modelo, duas décadas mais tarde, para implantação do Sistema Único de Saúde.

Teve seu grande momento nos anos 80, quando presidiu a Fundação Instituto Oswaldo Cruz. Um dos marcos de sua gestão foi a reabilitação de 11 pesquisadores expulsos pelo regime militar. As duas vocações sempre caminhavam juntas. Em 1980, como consultor da Organização Pan-Americana de Saúde, transferiu-se para a Nicarágua e trabalhou com o governo sandinista. Em 1986, acumulou a presidência da Fiocruz com a Secretaria de Saúde fluminense.

Conhecido pela personalidade inquieta, prosseguia na militância. No governo Lula, assumiu a secretaria de Gestão Participativa do Ministério da Saúde, mas era presença inconstante em Brasília. O câncer no intestino, contra o qual lutou durante um ano e meio, minara o fôlego do militante.

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