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Geologia

Os brandos terremotos brasileiros

Mariana, em Minas Gerais, afetada por um sismo em 2015

Wikimedia Commons

O Brasil não é conhecido por terremotos de grande poder de destruição. Não faz muito tempo, era comum se ouvir que o país é abençoado por estar livre de sismos. Os tremores detectados nos últimos anos, como o que afetou em 2015 Mariana, em Minas Gerais, indicam que isso não é verdade. Os terremotos no Brasil são de baixa a média magnitude, assim como os do centro-leste dos Estados Unidos e do interior da Austrália. Em comum, essas regiões dos três países compartilham o fato de serem áreas nas quais a litosfera, a camada mais superficial do planeta, é mais estável – essas áreas coincidem com o interior das placas tectônicas, os imensos blocos em que se divide a litosfera. “Acreditávamos que os sismos tivessem as mesmas características no interior desses países”, conta o geofísico Marcelo Assumpção, da Universidade de São Paulo (USP). Não foi o que ele e o geofísico Caio Ciardelli, seu orientando no doutorado, observaram. Examinando dados de seis tremores registrados entre 2010 e 2015 e informações de outros 16 ocorridos anteriormente, eles estabeleceram o perfil dos terremotos brasileiros. Eles têm particularidades. Originam-se mais próximo da superfície, entre 1 quilômetro (km) e 10 km de profundidade, e liberam menos tensão, em geral acumulada em fraturas mais extensas nas rochas, do que os tremores dos outros dois países (Journal of South American Earth Sciences, 29 de janeiro). Por essas características, os terremotos brasileiros deveriam causar menos danos do que os norte-americanos e os australianos. “Só não causam menos estragos porque aqui as casas e outras construções não estão preparadas para suportar os tremores”, explica Assumpção.

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