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Tecnociência

Os vilões da saúde dos japoneses

Um estudo com imigrantes japoneses e seus descendentes na cidade de São Paulo confirma os fatores ambientais que prejudicam a saúde dos habitantes: má alimentação, consumo de tabaco e de bebidas alcoólicas, vida sedentária e estresse. O atual estilo de vida é o grande responsável pelo crescente aumento na incidência das chamadas doenças crônico-degenerativas, como câncer, diabetes e doenças cardiovasculares, assegura Gerson Shigueaki Hamada, diretor científico do Centro Nipo-Brasileiro de Prevenção de Doenças e coordenador do projeto, financiado pela FAPESP.

O Brasil abriga a maior comunidade nipônica fora do Japão: cerca de 1,2 milhão de pessoas. Desde 1984, o Centro Nacional do Câncer de Tóquio constata diferenças significativas na incidência de doenças e nas taxas de mortalidade. Um estudo de 1990, que serviu de referência para a pesquisa de Hamada, mostrou que certas doenças afetam mais os japoneses no Japão do que em outros países. O câncer de estômago, por exemplo, tem alta incidência no Japão: para cada 100 mil habitantes homens, surgem 80,3 casos novos por ano.

Já na população de imigrantes e descendentes de São Paulo, a incidência é sensivelmente menor: 69,3 casos. Considerada toda a população da cidade, o índice é menor ainda: 45,7. “Isso significa que o simples fato de mudar-se do Japão para São Paulo é suficiente para diminuir o risco de se contrair a doença”, afirma Hamada. Mas há situações inversas: nos casos dos cânceres de próstata, mama e cólon, bem como de diabetes e doenças cardiovasculares, a incidência entre os imigrantes é consideravelmente maior.

Em São Paulo a mortalidade por diabetes é 174% maior do que no Japão; e a mortalidade por doença isquêmica do coração é o dobro aqui. Sabe-se que a incidência dessas doenças em imigrantes tende a aproximar-se do padrão da comunidade local.

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