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Memória

Páginas do tempo

Inmet reúne 12 milhões de documentos com os mais antigos registros meteorológicos do Brasil

Herança: página de uma das cadernetas a ser digitalizada

INMET Herança: página de uma das cadernetas a ser digitalizadaINMET

A memória do clima no Brasil começa a tomar forma, como resultado da recuperação do acervo da Biblioteca Nacional de Meteorologia. A primeira parte dessa recuperação, iniciada há três anos, foi relativamente fácil: restaurar e organizar quase 20 mil livros e publicações antigas, alguns da época do Império, agora acessíveis eletronicamente. A segunda parte é mais desafiadora: digitalizar e tornar de uso amplo 11.736.387 documentos com as primeiras observações meteorológicas do Brasil. Esses registros das variações diárias de temperatura, chuva, vento, pressão, umidade, luminosidade em todo o país desde o início do século XIX (1813) ainda se encontram na forma de cadernos e livros e milhares de folhas com tabelas, gráficos e anotações, muitos em estado precário de conservação, em centenas de pastas de papéis na sede do instituto, em Brasília, e nas unidades de Manaus, Belém, Salvador, São Paulo e de outras cidades do país.

Amostras de boletins meteorológicos: o clima em Jequié, Bahia, em 1912

INMET Amostras de boletins meteorológicos: o clima em Jequié, Bahia, em 1912…INMET

Essa documentação inclui raridades como as descrições do clima do Brasil nos anos de 1813 e 1814, possivelmente as mais antigas do país, publicadas em Londres pela revista O Patriota, além de revelar observadores do tempo como Alberto Leal, delegado de terras e minas em Jequié, na Bahia. A coleta sistemática de dados começou em 1827, com a criação do Observatório do Rio de Janeiro, atual Observatório Nacional, que publicou os Anais meteorológicos desde 1851. “Esses dados constituem a verdade terrestre sobre o clima no Brasil e são fundamentais para dar respaldo realista aos estudos de simulações sobre as tendências do clima no Brasil”, diz Antonio Divino Moura, diretor do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Segundo ele, os dados históricos são importantes também para dar mais consistência e detalhar os atuais modelos de simulação do clima, que refletem o clima com razoável precisão apenas em escala global.

Moura pretende iniciar a digitalização dos documentos ainda este ano, quando o instituto completa um século de fundação. Não será simples, porque, além de criar imagens digitais de cada página, será preciso conferir manualmente os dados numéricos sobre variações de temperatura, chuva e vento. Ele estima que o projeto de digitação dos documentos deve custar cerca de R$ 25 milhões e tomar pelo menos três anos de trabalho. “Se começarmos mesmo este ano”, diz ele, “em dois anos já teremos bons resultados, com possibilidade de consultas diretas, sem utilizar os documentos em forma física”.

...e no Rio de Janeiro de 1890 a 1938

Inmet …e no Rio de Janeiro
de 1890 a 1938Inmet

O Inmet centraliza a produção e distribuição de informações sobre o comportamento do tempo e clima no Brasil desde que começou a funcionar, em 1909. Atualmente as informações são coletadas em 800 estações terrestres e enviadas automaticamente a cada hora pelo satélite Brasilsat para a sede do instituto e por 42 estações de altitude espalhadas pelo território nacional e operadas conjuntamente com o Comando da Aeronáutica. A página do Inmet na internet mostra os movimentos das nuvens sobre o país e as variações das temperaturas máximas e mínimas, a pressão, a pluviosidade e a direção dos ventos ao longo do dia, além de previsões do tempo para até cinco dias, em centenas de municípios brasileiros.

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