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Coronavírus

Para infectologista, deixar alunos e funcionários isolados é desnecessário

David Uip, coordenador do Centro de Contingência, critica atitude de empresas e escolas

Guia de prevenção contra o coronavírus / Governo do Estado de São Paulo Ilustrações em cartaz alertam para sintomas e modos de transmissão da nova gripeGuia de prevenção contra o coronavírus / Governo do Estado de São Paulo

Escolas e empresas têm solicitado a estudantes e funcionários que visitaram recentemente os países em que a doença causada pelo novo coronavírus já foi identificada que permaneçam em isolamento – ou quarentena – geralmente em casa, para evitar a possível transmissão do vírus. O período de reclusão é de 14 dias, que corresponde ao tempo de incubação do vírus e à eventual manifestação de sintomas que indicará a infecção.

O infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência de Coronavírus do Governo do Estado de São Paulo, criticou essa medida nesta terça-feira (3/3) em uma entrevista coletiva concedida no Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Até quarta, havia 531 casos suspeitos no Brasil, dos quais 135 no estado de São Paulo, e três casos confirmados.

“Deixar alunos e funcionários em quarentena é desnecessário, precipitado e contrário às diretrizes do Ministério da Saúde”, disse ele. “Caso contrário, qualquer pessoa que viajasse teria de entrar no isolamento.” Diante do medo provocado pelo vírus, acrescentou, o aconselhamento adiantou pouco: “Das seis escolas que me consultaram, apenas uma deixou de adotar essa medida”.

As ações de enfrentamento ao vírus planejadas pelas equipes de saúde de São Paulo se dividem em três eixos, unindo instituições públicas e privadas. O primeiro é o epidemiológico, com a busca e monitoramento de casos suspeitos. O segundo é o assistencial, para tratar as pessoas infectadas. O terceiro é a comunicação, com a produção de guias, cartazes, vídeos e áudios para eliminar as dúvidas e orientar as precauções contra a infecção.

“Estamos nos preparando para todos os cenários possíveis”, disse Uip. Segundo ele, caso a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifique a situação como uma pandemia, a prioridade será, como ele chamou, a “redução de danos”, que consiste na identificação e no tratamento das pessoas infectadas.

Nesse caso, deverá mudar a classificação de caso suspeito. Hoje, qualquer pessoa que tenha viajado para um país onde o vírus circule e tenha sintomas da doença é um caso suspeito. Em caso de uma pandemia, quando já há transmissão local e não apenas casos importados de outros países, basta ter os sintomas para ser enquadrado nessa categoria.

Veja aqui o guia de prevenção contra o coronavírus produzido pelo Governo do Estado de São Paulo

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