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Passado movimentado

Passado movimentado

Maria Helena Hollanda / IGC-USPCristal de zircão: testemunha de magmatismoMaria Helena Hollanda / IGC-USP

Acredita-se que por volta de 550 milhões de anos atrás os blocos continentais que hoje formam um trecho do Nordeste brasileiro que vai do leste do Piauí ao norte da Bahia tenham se tornado estáveis depois de quase 300 milhões de anos da intensa atividade tectônica e magmática que gerou as cadeias de montanhas da região. Mas começam a surgir indícios de que a movimentação desses blocos pode não ter cessado tão cedo, ao menos não em toda a região. Um grupo de pesquisadores coordenados pela geóloga Maria Helena Hollanda, da Universidade de São Paulo (USP), identificou próximo aos municípios de Monteiro e Sumé, na Paraíba, sinais de que rochas se formaram pela solidificação do magma (rochas ígneas) tanto acima como abaixo da superfície em sincronia com o deslocamento dos grandes blocos rochosos ocorrido entre 550 milhões e 530 milhões de anos atrás. Essas idades foram determinadas a partir da análise de três minerais – anfibólio e biotita, extraídos da zona de contato entre os blocos que se movimentaram (zona de cisalhamento), e zircão, retirado das rochas ígneas. Esses minerais foram examinados com equipamentos de alta precisão iguais aos hoje disponíveis no Instituto de Geociências da USP, entre eles, uma microssonda iônica de US$ 3 milhões, adquirida recentemente com financiamento da FAPESP e da Petrobras. Publicado na Precambrian Research, o trabalho, feito em parceria com Richard Armstrong, da Universidade Nacional da Austrália, e Paulo Vasconcelos, da Universidade de Queensland, contribui para o conhecimento geológico do Nordeste brasileiro. “Mas”, adverte Maria Helena, “ainda não é possível extrapolar as interpretações decorrentes desses resultados para toda a região”. São necessários estudos em outras rochas da região para assegurar que essas conclusões sejam válidas para boa parte do Nordeste.

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