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Brasil

Passado nos dentes

O estado de conservação e as características físicas macro e microscópicas dos dentes podem revelar os hábitos e as razões pelas quais animais de milhões de anos atrás conseguiram viver mais ou se extinguiram rapidamente. A paleontóloga Lílian Paglarelli Bergqvist, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e o dentista Sérgio Roberto Peres Line, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), estudaram o esmalte dentário de fósseis para conhecer alguns dos mecanismos de adaptação de mamíferos herbívoros da bacia de Itaboraí – situada na região central do estado do Rio de Janeiro, guarda registros de animais e plantas de 60 milhões de anos. Em um estudo na revista Journal of Vertebrate Paleontology, Lílian e Line mostram como ramificações do esmalte do dentes, conhecidas como bandas Hunter-Schreger (HSB), podem indicar como os animais se alimentavam e como os dentes resistiam aos diferentes tipos de alimentos. Dois padrões de orientação de bandas são conhecidos nos dentes dos mamíferos: horizontal e vertical. O padrão horizontal é o encontrado nos mamíferos primitivos, mas o estudo dos fósseis de Itaboraí revelou que o padrão de HSB vertical era mais comum entre os mamíferos do que se imaginava. O padrão vertical ajudou a dar resistência aos dentes dos primeiros mamíferos herbívoros de médio a grande porte. “Essa técnica de trabalho é ainda muito pouco aplicada no estudo dos fósseis brasileiros”, comenta Lílian. Também é bastante raro um dentista participar de um estudo sobre animais extintos.

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