A revista Cureus, periódico de ciências médicas sediado em São Francisco, nos Estados Unidos, cancelou uma iniciativa polêmica: o “Muro da vergonha”, uma lista em seu website que exibia os nomes, as afiliações e até as fotografias de autores de papers da publicação que foram retratados por plágio, fraude na revisão por pares, roubo de dados e manipulação de imagens. A lista era publicada desde o ano passado (ver Pesquisa FAPESP n° 316) e foi criada porque a Cureus se ressentia de sua vulnerabilidade a autores mal-intencionados. O título adota um modelo de revisão por pares em que os manuscritos são avaliados por especialistas em um curto período de tempo, o que acelera a divulgação, e a análise crítica do conteúdo só é feita após a publicação.
A iniciativa desencadeou reações opostas: houve quem apoiasse a ideia de expor publicamente autores com comportamento fraudulento e quem criticasse a revista por não cumprir adequadamente sua obrigação de evitar a divulgação de trabalhos com falhas críticas. A primeira versão da lista trazia nomes de autores principalmente do Paquistão, mas também da África do Sul, do Nepal, da Índia e dos Estados Unidos.
Os editores da revista justificaram a decisão de acabar com o “Muro da vergonha”: “Estabelecemos que há maneiras melhores de lidar com desonestidade e fraude acadêmicas do que compartilhar publicamente listas de autores. Continuaremos a investigar vigorosamente as alegações de fraude e faremos isso de forma objetiva, sem julgar autores considerados como tendo agido de forma antiética”.
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