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Biologia

Pesquisadores descobrem novas espécies de aracnídeos no Brasil

Espécies habitam cavernas de calcário no Ceará e no Rio Grande do Norte

As espécies Rowlandius ubajara e Rowlandius potiguar (imagem) como “aracnídeos de coloração marrom-avermelhada”

Divulgação As espécies Rowlandius ubajara e Rowlandius potiguar (imagem) como “aracnídeos de coloração marrom-avermelhada”Divulgação

Pesquisadores brasileiros apresentaram duas novas espécies de aracnídeos pertencentes à ordem Schizomida, descobertas em cavernas úmidas em regiões áridas do Ceará e do Rio Grande do Norte. Em artigo publicado na revista PLoS One no dia 22 de maio, o biólogo Adalberto J. Santos, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e seus colegas descreveram Rowlandius ubajara (Ceará) e Rowlandius potiguar (Rio Grande do Norte) como “aracnídeos de coloração marrom-avermelhada”. Ambos estavam em cavernas profundas de calcário onde não há luz. Eles vivem em meio às fezes de morcegos, colonizadas por pequenos insetos, como os das ordens dos colêmbolos e dos tisanuros, que provavelmente são o alimento dos aracnídeos.

“As principais diferenças entre essas duas novas espécies são o formato do flagelo [rabicho] do macho e detalhes dos órgãos genitais internos da fêmea, que precisam ser dissecadas e examinadas no microscópio”, explica o professor da UFMG. “Algo interessante sobre o R. potiguar é o fato de existirem dois ‘tipos’ de machos”, diz. Uns, observa o pesquisador, têm pedipalpos [apêndices ao lado da boca] longos, enquanto outros apresentam pedipalpos curtos, parecidos com as fêmeas.

Os animais são chamados de pelos próprios pesquisadores que fizeram a descoberta de “micro escorpião-vinagre” ou “escorpião-vinagre de flagelo curto”. O nome vem de glândulas que produzem uma secreção rica em ácido acético (daí o “vinagre” do nome popular), que é lançada contra possíveis agressores.

Apesar de ocorreram somente no interior de grutas profundas, os pesquisadores acreditam ser pouco provável que o R. ubajara e o R. potiguar vivam exclusivamente na zona afótica de cavernas, que é a parte onde a luz não chega. Os exemplares de ambos não apresentam adaptações morfológicas típicas de animais que vivem em cavernas, como pernas muito alongadas e ausência de pigmentação. Santos salienta que apenas observações mais minuciosas poderão apontar se eles são habitantes exclusivos do subterrâneo.

Exemplares do gênero Rowlandius, possivelmente aparentados às duas espécies descritas pelos brasileiros, habitam em sua grande parte o Caribe – principalmente Cuba, Jamaica e República Dominicana –, mas há um tipo que é encontrado na Amazônia (Rowlandius sul) e outro na Paraíba (Rowlandius linsduarteae).

Os brasileiros Rodrigo Lopes Ferreira, da Universidade Federal de Lavras (MG) e Bruno Alves Buzatto, que trabalha para a University of Western Australia, também fizeram parte da equipe de pesquisadores que assina o estudo.

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