O costume humano do beijo, disseminado em algumas culturas em contextos sociais, além de amoroso, pode ter origem em um hábito higiênico. A sugestão é do primatólogo e psicólogo evolucionista português Adriano Lameira, da Universidade de Warwick, no Reino Unido, com base no que observa em grandes primatas (chimpanzés, bonobos, gorilas e orangotangos), nossos primos mais próximos. Segundo ele, os primatas que adquiriram o hábito terrestre também se tornaram mais sujeitos a infestações, tornando ainda mais importante o comportamento social de catar parasitas uns dos outros. O estágio final dessa catação, depois de afastar a pelagem para encontrar pulgas, piolhos ou carrapatos colados à pele, muitas vezes envolve usar os lábios e um movimento de sucção para capturar o hóspede indesejado. Quando o processo evolutivo criou primatas pelados – os seres humanos –, o comportamento de afiliação social teria se transformado e dado origem ao beijo: uma manifestação de confiança e proximidade. Você gosta de cafuné? A origem pode ser a mesma (Evolutionary Anthropology, 17 de outubro).
Republicar