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BOAS PRÁTICAS

Política sobre assédio sexual derruba reitor da Universidade Estadual de Michigan

O médico Samuel L. Stanley Jr. renunciou em outubro ao cargo de reitor da Universidade Estadual de Michigan (MSU), nos Estados Unidos, e será substituído interinamente a partir de janeiro pela vice-reitora, Teresa Woodruff. Ele é o terceiro dirigente a deixar prematuramente o comando da universidade em quatro anos. A saída foi o resultado de disputas entre Stanley e o Conselho de Administração da instituição. Membros do conselho, que é o órgão máximo da universidade, estavam descontentes com a decisão da reitoria de forçar a renúncia do diretor da Faculdade de Negócios, Sanjay Gupta, acusado de não ter comunicado à administração da MSU um caso de má conduta sexual envolvendo um funcionário, que ficou bêbado em uma festa e tocou uma aluna de forma inapropriada. Antes desse episódio, o rigor da política de combate ao assédio sexual executada por Stanley já vinha causando controvérsia e era vista como exagerado por conselheiros.

Stanley foi contratado para o cargo em 2019 após um escândalo de assédio sexual de repercussão internacional que levou à renúncia consecutiva de dois reitores. O ortopedista Larry Nassar, professor associado da MSU que atuou como médico da equipe nacional de ginástica feminina dos Estados Unidos, foi condenado em três diferentes processos a pelo menos 140 anos de prisão por molestar sexualmente centenas de garotas por mais de duas décadas. A MSU fez um acordo para pagar US$ 500 milhões a 332 vítimas de Nassar, depois que uma investigação do Departamento de Educação do governo norte-americano concluiu que a universidade fracassou em denunciar o comportamento do médico às autoridades. A conclusão da investigação levou à renúncia de dirigentes da instituição, entre os quais a reitora Lou Anna Kimsey Simon, em 2018. O ex-governador de Michigan John Engler assumiu o cargo interinamente, mas também renunciou poucos meses mais tarde, após menosprezar os relatos das vítimas de Nassar – ele as acusou de estar em busca de “holofotes”. Stanley assumiu anunciando uma revisão de políticas e protocolos da universidade sobre assédio e agressão sexual e contratou um escritório de advocacia para monitorar os processos internos.

Pouco antes da saída do reitor, o Conselho Estudantil da MSU impôs por unanimidade um voto de desconfiança ao Conselho de Administração, pedindo aos seus membros que recuassem e parassem de criar um “ambiente hostil, caótico e inseguro” no campus. O Senado da MSU, instância composta por docentes, pesquisadores, gestores e funcionários da instituição, também aprovou moção de desconfiança semelhante, por 55 votos a favor e 4 contrários. “As ações do campus no mês passado mostraram ao mundo que a MSU não aceitará microgerenciamento pelos membros do conselho desta grande instituição”, afirmou Stanley, a propósito do apoio que recebeu da comunidade universitária, depois de anunciar a renúncia.

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