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Tecnociência

Quando a morte é um bom sinal

De repente apareceu um tamanduá andando pelos arredores da cidade de Assis, oeste paulista. Foi atropelado ao cruzar uma rodovia. Virou motivo para conversa, mas sua morte não deve ser apenas lamentada, porque é um sinal da recuperação das matas nativas, especialmente do Cerrado. Como agora é proibido por lei pôr fogo na vegetação, as matas que sobrevivem em meio às plantações e pastagens podem engordar e às vezes se transformar bastante. As formas campestres do Cerrado – o campo sujo e o campo cerrado, que lembram um pasto maltratado – tendem a desaparecer ou limitar-se a áreas pequenas, porque, deixadas em paz, dão espaço para vegetações mais encorpadas, como o próprio Cerrado e o Cerradão, mais denso. Em um estudo publicado no Edinburgh Journal of Botany, Giselda Durigan, do Instituto Florestal, e James Alexander Ratter, do Jardim Botânico de Edimburgo, atestaram essa mudança comparando fotos aéreas e imagens de satélite da região de Assis nos últimos 40 anos. Outros estudos realizados em São Paulo indicam que o Cerradão poderá predominar como resultado desse adensamento da vegetação, que pode ser intenso a ponto de levar também ao desaparecimento de algumas espécies de plantas do Cerrado, em especial as que necessitam de mais luz (o Cerradão é mais escuro e mais úmido que o Cerrado). É possível prever que, com mais vegetação, apareçam mais animais. Motoristas, atenção.

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