Este é um estudo corajoso que desafia a leitura feita por gerações de notáveis perscrutadores do Brasil sobre a complexa trama que norteia as relações entre raça e sexo no Brasil. Para tanto, a autora, em sua dissertação de doutorado para o Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), coloca no centro da sua discussão o modo como os relacionamentos afetivos-sexuais-inter-raciais se estruturam e são pensados em diversas sociedades, como bem observa o professor Sérgio Carrara em sua apresentação feita para o livro de Laura Moutinho.
“O trabalho parte da idéia de que as representações sociais e os valores eróticos atribuídos a cada raça e ao contato entre elas devem ser compreendidos no âmbito das políticas sexuais adotadas em distintos contextos nacionais”, assevera Carrara. Para dar uma nova dimensão ao seu estudo, Laura Moutinho recorreu a um inteligente expediente, fazendo comparações entre as sociedades semelhantes e, ao mesmo tempo, tão diversificadas do Brasil e da África do Sul.
Segundo a autora, embora as colonizações européias sempre tendam a sexualizar o colonizado, a política africana foi criada tendo como base o ideal do “perigo” representado pelo negro e seus excessos de sexualidade. Já o Brasil adotou um modelo assimilacionista em que se erotizou a mulher negra, até por razões econômicas, mas afastou a mulher branca do negro.
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