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Estratégias

Recado da Nature: América Latina precisa estabelecer cooperação científica

A ciência na América Latina foi objeto de um suplemento especial da Nature de 1° de abril, do qual o Notícias FAPESP publicará um excerto em uma de suas próximas edições. O suplemento foi destacado no editorial da revista, com um recado especial para pesquisadores e gestores da política de ciência e tecnologia na América Latina: é preciso que se faça um esforço de cooperação científica entre os países da região para tornar sua produção científica competitiva. Segundo o editorial, apesar das recentes dificuldades econômicas do Brasil, a América Latina está em condições de ampliar sua já crescente contribuição para a ciência mundial.

Observa-se ali que as circunstâncias do dia-a-dia continuam difíceis para ospesquisadores da região, que seu progresso, por vezes, parece vacilante, com os governos sempre introduzindo novos esquemas de apoio a ciência, e não encontrando, depois, recursos para mantê-los. A despeito disso, afirma o editorial a influência internacional de cientistas latino-americanos está em franco crescimento e todos os indícios são de que continuará assim. Em seguida, vem o recado direto da publicação inglesa: diz ele que, enquanto pesquisadores de países amplamente desiguais da região se empurram para competir e colaborar com seus pares melhor financiados dos Estados Unidos e da Europa, torna-se cada vez mais importante que reconheçam o quanto podem aprender com a experiência de seus vizinhos.

O editorial admite que, na verdade, a maioria gostaria de trabalhar mais estreitamente com seus pares de países vizinhos, mas, acrescenta, há poucoincentivo atualmente nesse sentido. Afinal, é muito mais fácil trabalhar dentro de uma colaboração internacional se pelo menos uma ponta dessa colaboração é adequadamente financiada — leia-se Estados Unidos Europa. A Nature destaca que embora haja muitos exemplos isolados de colaboração científica entre os países da região, não há, no momento, qualquer estratégia geral para combinar recursos de modo a fortalecer a base científica da região.

Lembra que a colaboração na pesquisa entre norte e sul é inevitavelmente assimétrica, com limites em sua utilidade para a parte mais fraca, lembra que na Europa a cooperação científica desempenhou um papel significativo no desenvolvimento de capacitações científicas nacionais e sentencia: “a América Latina enfrenta agora um desafio semelhante”. Por fim, aposta que se quiserem construir economias competitivas, as principais potências da região — Brasil Argentina e México — terão de enfrentar a necessidade de uma cooperação pan regional.

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