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OCEANOGRAFIA

Redemoinhos que nascem na costa de Pernambuco

Vilela-Silva, F. et al. Jgr: Oceans. 22 dez. 2022O mapa mostra o deslocamento de redemoinhos (círculos azuis) ao longo da costa brasileira em 20 de janeiro de 2002. Na faixa as cores azuis indicam tendência de rotação no sentido anti-horário, as verdes, no sentido horárioVilela-Silva, F. et al. Jgr: Oceans. 22 dez. 2022

Entre mil e 4 mil metros (m) de profundidade, uma corrente marinha transporta nutrientes e massas de água fria, mais salgada e rica em oxigênio desde o mar do Labrador, na Groenlândia, até a Antártida. Em frente ao Recife, no platô de Pernambuco, a corrente se quebra em redemoinhos que giram no sentido anti-horário enquanto viajam milhares de quilômetros na direção sudoeste, até a costa do Espírito Santo, misturando águas e nutrientes. Já se conhecia a largura (aproximadamente 250 quilômetros) e a velocidade de translação (0,04 m por segundo) dos turbilhões, mas seus mecanismos de formação permaneciam incertos. Agora, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em colaboração com colegas da Austrália, França e Estados Unidos, mostraram que os redemoinhos resultam da interação entre a corrente marinha e o platô de Pernambuco (JGR: Oceans, 22 de dezembro). A conclusão se apoiou na análise de dados coletados entre 26 de fevereiro e 21 de março de 2002 pelo navio oceanográfico Antares, da Marinha brasileira, e em modelagem por computador. “A identificação do mecanismo de quebra da corrente no platô de Pernambuco permite entender melhor os fluxos de calor e a oxigenação no fundo do Atlântico tropical”, comenta o oceanógrafo Felipe Vilela-Silva, da USP, principal autor do trabalho.

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