O Instituto Agronômico de Campinas, IAC, completa, em 1996, seu 109º ano de vida com um saldo de aproximadamente 360 diferentes materiais ou linhagens lançadas em cultivo no Estado de São Paulo e em outras regiões do país, relativos a cerca de 130 produtos agrícolas trabalhados na instituição. E mais: o respeitado centro produtor de sementes genéticas e básicas para a agricultura do Estado, e centro gerador de novos cultivares para o país inteiro, atravessa esse momento às voltas com reformas múltiplas – institucionais e, principalmente, de sua infra-estrutura de pesquisa.
Na reordenação institucional, ainda em projeto, a idéia básica que move o Instituto é se organizar em tomo de programas, em lugar das 32 secções técnicas, em que há muitos anos o IAC está dividido. A mudança, segundo o vice-diretor do Agronômico, doutor Eduardo Bulisani, está afinada com o planejamento estratégico coordenado pela Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo para os cinco institutos de pesquisa que lhes são vinculados.
Quanto às reformas de infra-estrutura que estão em curso, sustentadas essencialmente pelo Programa de Recuperação e Modernização da Infra-Estrutura de Pesquisa do Sistema Estadual de Ciência e Tecnologia, mantido pela FAPESP, seu objetivo é dotar o IAC, na medida do possível, de instalações de pesquisa modernas e atualizadas, condizentes com as exigências de seus melhores e mais avançados projetos.
Esse propósito orientou a distribuição dos pouco mais de R$2 milhões concedidos ao IAC pela FAPESP, ao longo de 1995, durante a Fase I do Programa de Infra-Estrutura, para três metas principais: a modernização da biblioteca, a informatização e interligação do Instituto com a Rede ANSP (Academic Network at São Paulo) e a atualização laboratorial das unidades “que estavam desde o final do governo Quércia, em 1989, sem qualquer apoio”. Dessa forma, diz o doutor Bulisani, “foram beneficiados 22 dos nossos 36 laboratórios”.
Nesses laboratórios foram feitas obras de adequação em instalações hidráulicas, elétricas, piso, teto, renovação de bancadas, além da aquisição de alguns equipamentos fundamentais, “Obras simples”, como as classifica doutror Bulisani, que no entanto, em alguns casos, determinou a retomada de atividades em áreas que estavam paralisadas, a exemplo da Física do Solo, especialmente no Laboratório de Análise de Estabilidade de Agregados no Solo. Já a biblioteca do Instituto, com 32 mil títulos de livros e teses, 85 mil separatas e 2.300 títulos de periódicos, parte deles do século passado, além de ter sofrido uma grande reforma nas instalações hidráulicas e elétricas, piso, paredes e divisórias, foi totalmente informatizada, tornando-se moderna e aberta, relativamente a seu sistema de consultas.
Quanto à informatização do IAC como um todo, a rede interna foi instalada com apoio técnico de especialistas da UNICAMP e a interligação com a Rede ANSP foi implantada pela própria FAPESP. “Na primeira fase do Programa, submetemos 31 projetos à avaliação da FAPESP, no valor global de pouco mais de R$2,4 milhões. Tivemos 24 projetos aprovados. A concessão inicial foi de quase R$1,7 milhão. Depois, até novembro do ano passado, tivemos mais R$241,5 mil de aditivos e, por fim, recebemos mais R$180 mil para complementação da informatização”, detalha o vice-diretor do IAC. Já para a Fase II, o IAC encaminhou 54 projetos, com valor global de R$4,9 milhões, além dos recursos referentes a aquisição de livros (FAP-Livros, Módulo IV do Programa), cujas solicitações, de acordo com as normas da Fundação, não precisam especificar valores.
O julgamento dos projetos apresentados nessa fase ainda não foi concluído e até o dia da entrevista do doutor Bulisani, eram oito as propostas já aprovadas do IAC. “Entre elas está o projeto de automação de coleta de dados para manejo do solo que implica a importação de modernas máquinas austríacas para plantio e colheita de experimentos, com custo de US$720 mil”, entusiasma-se ele.
A injeção dos recursos da FAPESP no IAC, segundo seu vice-diretor, alterou efetivamente um quadro de severas restrições que o Instituto enfrentava para manter suas instalações de pesquisa em condições adequadas de funcionamento. Isso porque seu orçamento anual situa-se em tomo de R$15 milhões, dos quais entre R$10,5 milhões e R$ll milhões são destinados a pessoal, inclusive os 250 pesquisadores da instituição.
“Assim, sobraria R$4,5 milhões para custeio e investimento, mas isso só em tese, porque a cota de regularização instituída nos últimos dois anos pelo governo, tem liquidado com metade desses recursos. Em síntese: do nosso próprio orçamento, para 96 temos zero para investimento. Dá para se concluir daí a importância dos recursos da FAPESP”, conclui o doutor Eduardo Bulisani.
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