Uma frase incisiva foi usada pelo professor Mauricio Prates de Campos Filho ao tomar posse no Conselho Superior da FAPESP, no dia 22 de novembro passado: “Estou aqui exclusivamente para representar e defender os interesses desta Fundação”, disse. Era uma resposta indireta e elegante a alguns membros da comunidade científica que levantaram objeções à sua eleição como conselheiro, sob a alegação de que ele representaria interesses pouco legítimos de instituições acadêmicas privadas, sem qualquer tradição em pesquisa, que agora estariam empenhadas em ganhar espaço na FAPESP.
Em seu curto discurso, o professor aposentado da UMCAMP e hoje titular convidado da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, PUCCAMP, agradeceu ao Governador Mário Covas e ao Secretário da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, Emerson Kapaz, pela confiança que nele depositaram através de sua nomeação para o Conselho da Fundação, a despeito da polêmica em torno da eleição.
“Estou no Conselho para zelar pelos interesses e pelos deveres da FAPESP, à luz da lei orgânica que a criou, de seu estatuto e de seu regimento, que estabelecem formalmente os objetivos da Fundação”, detalhou ele posteriormente, em entrevista ao Notícias FAPESP. Bem humorado, o engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e pesquisador com mais de três décadas de atividade, acrescentou que preza muito sua autonomia e independência -pelas quais inclusive não hesita em ‘pagar caro” -, para sacrificá-las a quaisquer interesses secundários. “Penso que os conselheiros ligados à USP, à UNICAMP ou a qualquer outra instituição, ao expressarem suas posições no Conselho Superior da FAPESP, também não estão apresentando expectativas daquelas instituições, mas contribuindo para a condução acertada da Fundação”, observou ainda.
O professor Mauricio Prates, um fluminense de Campos, tem um çurrículo marcado pela diversidade das atividades em seu campo de atuação, como ele mesmo observa. “Sou de um grupo minoritário de pesquisadores que já fez de tudo’: diz. Diplomado como engenheiro aeronáutico em 1962, com pós-graduação em Metalurgia Nuclear pela Comissão Argentina de Energia Atômica, CNEA, em 1965 e doutorado em Engenharia pela Universidade Nacional do Sul da Argentina, UNS, em 1972, já em 1963 ele iniciou as atividades profissionais de professor e pesquisador no ITA, onde permaneceu até 1968. Entre 1969 e 1972, enquanto fazia o doutorado, foi contratado pela Organização dos Estados Americanos, OBA, como pesquisador assistente junto ao Departamento de Metalurgia da CNBA, em Buenos Aires. No período de 72 a 73 foi pesquisador associado no Centro Técnico Aeroespacial, CTA e professor associado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica no ITA, em São José.
Em 1974, o Professor Maurício Prates tornou-se titular da Faculdade de Engenharia da UNICAMP onde chegou a diretor entre 1978 e 1982, acumulando esse cargo com os de diretor executivo da Fundação para o Desenvolvimento da UNICAMP FUNCAMP e diretor técnico da Companhia para o Desenvolvimento Tecnológico de Campinas, CODE1EC. Suas atividades docentes incluem também uma passagem pela Universidade Federal de São Carlos, UFSCAR, onde entre 1976 e 1980, autorizado pela UNICAMP trabalhou como professor titular visitante do Departamento de Engenharia de Materiais, em tempo parcial.
Seu currículo diversificado inclui uma série de funções no gerenciamento de P&D, onde entre outras coisas coordenou os convênios FINEP/UNICAMP (desenvolvimento de processos e fundição de metais, 1975 a 1977); TELEBRÁS/UNICAMP (desenvolvimento de materiais de grau eletrônico e silício semicondutor, 1977 a 1983); SEI-CTI/UNICAMP (desenvolvimento de tecnologias de automação industrial, 1982 a 1988) e IBM/UNICAMP (desenvolvimento de tecnologias de robótica industrial, 1983 a 1989).
O professor Maurício Prates tem registradas 10 patentes de invenção na área de produtos e processos tecnológicos, tem mais de 90 trabalhos publicados em periódicos especializados nacionais e internacionais, livros e recebeu vários prêmios. Sua vinculação com a PUC de Campinas começou em 1992, quando, graças a um convênio de cooperação firmado entre essa universidade e a UNICAMP passou a trabalhar como professor titular convidado do Instituto de Informática. Aposentando-se da UNICAMP no ano seguinte, permaneceu na PUCCAMP onde implantou a pós-graduação em Informática, que atualmente coordena. “Esse mestrado, voltado para a alta gerência organizacional no eixo de Campinas, é uma experiência muito interessante. É mais uma frente nova de trabalho, que muito me entusiasma”, conclui o professor Maurício Prates.
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