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Estratégias

Revista resgata Adolpho Lutz

A trajetória de um dos mais importantes cientistas brasileiros é resgatada na última edição da revistaHistória, Ciências, Saúde – Manguinhos. Adolpho Lutz (1885-1940), um dos fundadores da medicina tropical, é lembrado como um crítico à miopia dos políticos em assuntos de saúde pública e protagonista de ácidos debates acadêmicos. Sua biografia pode ser narrada em três tempos.

Na década de 1880, despontou como um prolífico pesquisador sobre a origem de doenças como a lepra e a tuberculose. A fase foi rica em viagens e experiências pelo Brasil e o restante do mundo, que culminou com uma temporada num hospital de tratamento de hanseníase no Havaí. Na segunda etapa, à frente do Instituto Bacteriológico de São Paulo, liderou um grupo de especialistas em medicina tropical no combate a epidemias, como a febre tifóide e a febre amarela, que convulsionaram as nascentes metrópoles brasileiras. Na terceira fase, já aos 50 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro e voltou a dedicar-se à pesquisa no Instituto Oswaldo Cruz, em Manguinhos, onde permaneceu até sua morte.

Numa de suas histórias lendárias, recorreu a uma estratégia de alto risco para provar que a febre amarela era transmitida por mosquitos – e não pelo ar ou pelo contato com doentes, como alguns pesquisadores imaginavam. Submeteu seis cobaias humanas a mosquitos infectados – entre as quais ele próprio, que se deixou picar várias vezes. Três pessoas adoeceram e as outras três permaneceram sãs – incluindo Lutz. Numa etapa seguinte, o cientista obrigou três imigrantes italianos a ficarem reclusos, num quarto sem mosquitos, mas repleto de roupas usadas por vítimas da febre amarela. Como nenhum ficou doente, Lutz comprovou sua teoria.

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