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Tecnociência

Rumo à literatura animada

Que tal abrir o jornal de manhã para saber de seu colunista esportivo predileto o que achou da arbitragem no jogo de ontem e, ainda por cima, poder assistir, ali mesmo, na página de esportes, a todos os lances polêmicos em um vídeo de alta definição. Ou ler um livro que, na verdade, é um filme projetado em papel eletrônico.Tudo isso, apesar de ainda distante, ficou mais factível depois de um estudo publicado na revista Nature (25 de setembro) pelos cientistas Robert Hayes e Johan Feenstra, dos laboratórios Philips, de Eindhoven, na Holanda.

Eles alegam ter conseguido superar duas importantes limitações do chamado papel eletrônico: a lentidão, que impedia a exibição de animações e vídeos, e o brilho insatisfatório, que tornava a leitura em telas, e-books ou quaisquer tipos de displayseletrônicos bem mais difícil do que em papel. A utilização de uma técnica denominada eletroumectação (electrowetting, em inglês) – tecnologia que permite a manipulação de fluidos em escala micrométrica – tornou possível controlar as combinações de uma interface de água e óleo confinada em micrométricas cápsulas no papel eletrônico mediante a aplicação de voltagem.

Quando nenhuma voltagem é aplicada, a água permanece sobre o óleo como um livro sobre a mesa, formando um pixel colorido. Quando se aplica uma voltagem, a interface entre o óleo e a água muda – a água vai para o fundo e força o óleo para o lado. Isso cria um pixel parcialmente transparente, ou, se uma superfície reflexiva branca é usada como cor, nada menos que papel branco.

A eletroumectação tem várias características interessantes, como a de permitir a alternância de reflexos brancos e coloridos com velocidade suficiente para exibir vídeos. E permite o uso de baixíssimas voltagem e energia, podendo ser aplicada sobre superfícies planas e finas. A reflexibilidade e o contraste obtidos podem ser iguais ou melhores que os do papel.

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