Imprimir PDF Republicar

Tecnociência

Testes diferenciam venenos

Poderia ser mais fácil tratar quem chega ao pronto-socorro picado por cobra, escorpião ou aranha. Testes criados pela equipe do biólogo Carlos Chávez Olórtegui, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), permitem identificar de modo preciso a espécie do animal e a quantidade de veneno injetada, informações importantes para a administração do soro correto e na dose mais adequada.

Mais rápidos que os métodos de diagnóstico atuais – fundamentados no reconhecimento de sinais clínicos (como suor intenso, náuseas e vômitos), que podem levar horas para aparecer -, os testes poderiam ser realizados em cerca de uma hora com apenas alguns mililitros de sangue. Feitos com reagentes nacionais e pequenas placas importadas com 96 furinhos, os testes devem sair por menos de R$ 10 cada, estima Chávez.

Com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), ele iniciou há poucos meses a produção em escala piloto de um dos exames, capaz de distinguir entre a picada de duas aranhas, a aranha-marrom (Loxosceles sp.) e a aranha-armadeira (Phoneutria sp.), e a do mais letal escorpião, o amarelo (Tityus serrulatus), cujo veneno pode matar por parada respiratória ou cardíaca.

Chávez começou a desenvolver os exames há oito anos, quando ainda estava na Fundação Ezequiel Dias, um centro de produção de soros e vacinas em Minas Gerais, após constatar que havia uma relação direta entre a concentração de veneno no sangue e a gravidade dos sintomas. Nesse tempo, fez também outros dois exames: um deles – capaz de discernir entre a picada da cobra surucucu (Lachesis muta) e a da jararaca-de-rabo-branco (Bothrops atrox), que causam reações semelhantes – poderia ser útil especialmente na Amazônia, onde essas duas serpentes respondem por 98% das picadas.

O outro identifica o veneno da picada de três cobras comuns nas regiões Sudeste e Centro-Oeste: a cascavel (Crotalus spp.), a jararaca (Bothrops spp.) e a coral verdadeira (Micrurus spp.). Chávez pretende agora reduzir o tempo dos testes de uma hora para 20 minutos.

Republicar